da Reportagem Local

Duas qualidades garantiram a "perfeição" da voz do cantor Frank Sinatra: ótima articulação e grande flexibilidade.
"Ele tinha uma articulação perfeita das palavras. Além disso, sua capacidade de percorrer graves e agudos era impressionante", afirma a fonoaudióloga Marta Assumpção de Andrada e Silva, que estuda a voz cantada e trabalha com vários intérpretes nacionais, como Chico César e Zeca Baleiro.
Marta afirma que a voz de Sinatra era incomum por causa de sua longevidade. "Ele nunca perdeu o volume e o timbre durante 50 anos de carreira. O Brasil, por exemplo, nunca produziu nenhum cantor que tivesse uma boa voz durante tanto tempo."
A fonoaudióloga cita Orlando Silva como um exemplo de uma "grande voz" que durou pouco. "Orlando Silva teve apenas sete anos de voz."
Segundo Marta, o mais espantoso em Sinatra é que o seu estilo de vida tinha tudo para fazer com que sua voz desaparecesse muito cedo. "Ele era um antiexemplo. Fazia tudo errado. Fumava, tomava álcool, tinha problemas para dormir, tomava calmantes, fazia tudo que é desaconselhável."
Marta afirma que sempre acompanhou a performance de Sinatra. "Em todos esses anos, ele nunca teve um problema muito sério em relação à voz. É verdade que parou de cantar algumas vezes, mas por causa de problemas pessoais, separações etc."
Uma das coisas que mais chamaram a atenção de Marta foi o fato de Sinatra estar sempre ou com um copo de uísque (pior opção, porque as bebidas destiladas são piores para a voz do que as fermentadas) ou com um cigarro. "As duas coisas que acabam com a voz", afirma.
A "receita caseira" -usada por Sinatra quando acordava sem voz e tinha que cantar- nunca seria recomendada por Marta. "Ele bochechava com água morna e depois tomava vodca com limão", conta Marta.
(LM)


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