|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DEDO NO GATILHO
Bush diz que país já está em guerra
Presidente dos EUA aponta Bin Laden como maior suspeito e diz que ele será "caçado"
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Um dia depois de receber autorização do Congresso para usar
força militar máxima em resposta
aos ataques terroristas da última
terça-feira, o presidente George
W. Bush declarou ontem, em seu
pronunciamento semanal de rádio, que os EUA estão "em guerra" e prometeu uma "ampla e sustentada" campanha militar.
Bush passará o fim de semana
com seu conselho de segurança
nacional, na residência oficial de
Camp David, perto de Washington. Na sexta-feira, o Congresso
deu sinal verde para a retaliação
militar ao aprovar o uso "de toda
força necessária e apropriada
contra aqueles responsáveis pelos
ataques de terça-feira". Cerca de
35 mil reservistas já foram convocados e um destróier da Marinha
norte-americana, equipado com
lançador de mísseis, deixou ontem a base militar de Yokosuka,
no Japão, sem revelar o destino.
Cerca de 48 mil militares dos EUA
estão estacionados no Japão.
O mais provável alvo da reação
militar dos EUA é o Afeganistão,
país controlado pela milícia extremista islâmica Taleban, que, segundo o governo americano, deverá ser punida por abrigar e
apoiar o saudita Osama bin Laden, suspeito número um dos
atentados.
A autorização para Bush usar
força militar "máxima" foi aprovada no Senado por 98 votos a 0.
Na Câmara, passou por 420 votos
contra 1. O voto solitário foi o da
deputada Barbara Lee (democrata da Califórnia), congressista que
defende o corte de gastos militares e que, em 1999, foi a única a
negar ao então presidente, Bill
Clinton, autorização para usar
força militar na Iugoslávia.
"Alguns de nós precisamos
mostrar controle, moderação",
justificou Lee ao anunciar seu voto. "Estou convencida de que a
ação militar não irá prevenir atos
futuros de terrorismo internacional contra os EUA."
Em seu pronunciamento semanal de rádio à nação, o presidente
Bush disse ontem que irá caçar os
responsáveis pelo sequestro de
quatro aviões e pela destruição
das torres do World Trade Center
e de parte do Pentágono.
"Eles serão expostos e descobrirão o que outros no passado já
aprenderam: quem faz guerra
contra os EUA escolhe sua própria destruição... Planejamos uma
campanha longa e sustentada para proteger nosso país e erradicar
o mal do terrorismo", disse.
Antes da reunião de Camp David, Bush conversou brevemente
com jornalistas. Pela primeira vez
reconheceu que Bin Laden é o
suspeito número um dos atentados de terça-feira. Questionado
sobre as dificuldades para caçá-lo
em esconderijos espalhados pelo
terreno montanhoso do Afeganistão, Bush respondeu que "ele
[Bin Laden" não conseguirá fugir
para sempre" e será "caçado".
A mensagem do presidente
Bush ao resto do mundo, incluindo países árabes e islâmicos, é que
todos terão de escolher um dos
dois lados nessa "guerra". Pelo
discurso do secretário de Estado,
Colin Powell, aqueles que ficarem
contra os EUA ou não declararem
apoio aos americanos sofrerão
"isolamento".
O foco da diplomacia dos EUA
antes da definição completa da estratégia militar é o Paquistão, país
vizinho ao Afeganistão que detém
a tecnologia da bomba atômica e
que apoiou o Taleban durante os
últimos anos.
O general Pervez Musharraf,
presidente do Paquistão, já prometeu aos EUA "cooperação total" no combate ao terrorismo,
mas não deu ainda resposta formal aos pedidos norte-americanos para ações concretas como o
fechamento das fronteiras com o
Afeganistão e a permissão para o
uso do espaço aéreo do país.
Com medo de represálias, afegãos começaram ontem a fugir do
país. O Taleban prometeu reagir e
conclamou todos os muçulmanos
no mundo a uma "guerra santa"
contra alvos americanos. Nos
EUA, a população demonstra ostensivamente apoio ao governo
portando bandeiras e discursando de forma inflamada a favor da
guerra. Todos querem guerra.
Bush é aplaudido em todas as
aparições públicas, e seus índices
de popularidade -próximos de
90%- se equiparam aos do pai, o
ex-presidente George Bush, durante a Guerra do Golfo, em 1991.
Texto Anterior: GUERRA NA AMÉRICA Taleban convoca islâmicos à guerra Próximo Texto: Frases Índice
|