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Casal Rugai foi morto com arma legal furtada no Paraná
ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez tiros de uma pistola mataram o casal Luiz Carlos Rugai, 40,
e sua mulher, Alessandra, 33, em
Perdizes, na zona oeste de São
Paulo, em março do ano passado.
Eles foram vítimas de uma arma
comprada legalmente por um fazendeiro com porte e registro da
mesma, mas que, após um furto,
caiu na clandestinidade.
O filho de Luiz Carlos, o estudante Gil Rugai, está preso desde
abril daquele ano sob acusação de
participar do duplo assassinato.
Ele nega as acusações.
A arma usada no crime, número de série KQA 55283, pertencia
ao agropecuarista Manoel Soares
Ferreira, 43, que mora em Terra
Roxa (interior do Paraná), e foi
furtada em 29 de junho de 2001.
Do Paraná, de acordo com a polícia local, ela foi trocada por drogas no Paraguai e seguiu para São
Paulo. Três anos depois de ter sido furtada, foi utilizada para assassinar o casal Rugai.
O pecuarista tem o registro e o
porte de arma. Na ocasião do furto, ele estacionou em um posto de
gasolina de Terra Roxa para abastecer o seu veículo, uma picape F-4000. Um adolescente, de acordo
com testemunhas, abriu a porta
da picape e fugiu com a arma municiada com dois carregadores e
23 projéteis.
"Moro em uma área de agropecuária, sem policiamento e sem
qualquer estrutura de segurança.
Após o furto, comprei outra", disse Ferreira, que é contra o fim do
comércio de armas e munição.
"Aqui na fronteira [com o Paraguai] vivemos uma guerra. Tem
roubo de propriedade rural, tem
seqüestro. Os bandidos assaltam
com fuzis e metralhadoras", diz.
"A carência de policiais é violentíssima, a população é obrigada a ajudar. Há falta de 40% a 60%
de efetivo. Precisamos dar coletes
para policial fazer ronda na região
rural. Não tem condições de fazer
nada. Eu mesmo já tive a casa invadida e a minha família foi feita
refém. Por isso sou completamente contrário ao desarmamento. A única segurança que temos
somos nós mesmos."
Encontrada por acaso
A pistola utilizada no assassinato do casal Rugai foi encontrada
por acaso, em 29 de junho deste
ano, no bueiro de um prédio comercial da rua José Maria Lisboa,
nos Jardins (zona oeste de São
Paulo), pelo zelador Carlos Gonçalves Assis, 37.
Em uma sala do prédio funcionava um escritório de Gil Rugai, o
acusado do crime. O zelador, em
depoimento, disse ter desconfiado que a arma poderia ter ligação
com o assassinato de Luiz Carlos e
Alessandra e a entregou à polícia.
A pistola foi levada ao Instituto
de Criminalística. A perícia confrontou as dez cápsulas apreendidas no local do assassinato do casal com a pistola encontrada no
bueiro. Também a comparou
com fragmentos de tiros encontrados na camiseta de Luiz Carlos.
Devido ao tempo em que ficou
no bueiro, os peritos não colheram impressões digitais. Quando
foi localizada, a pistola também
estava quebrada.
O laudo final foi elaborado em
seis dias e diz que a arma foi usada
no crime. No relatório, os peritos
afirmam que "podemos concluir
que os picotes existentes nos dez
estojos incriminados foram produzidos pelo pino percurtor da
pistola marca Taurus, número de
série KQA 55283".
Provas
Para o advogado de Gil Rugai,
Fernando José da Costa, a arma
foi "plantada" pelo verdadeiro assassino para incriminar seu cliente. Já a promotora Mildred Gonzales Gonçalves diz que o encontro da arma em nada muda a situação do acusado, pois há provas
suficientes para condená-lo pela
autoria dos assassinatos.
Em setembro, o 5º Tribunal do
Júri de São Paulo decidiu levar Gil
Rugai a júri popular, mas a data
do julgamento do estudante ainda não foi marcada, pois a defesa
pode recorrer.
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