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Crise reduz desfile de bonecos gigantes
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Olinda (PE)
A crise econômica afetou um dos
mais importantes eventos do Carnaval pernambucano, o encontro
dos bonecos gigantes, realizado
ontem em Olinda.
Apenas 60 dos 100 personagens
esperados desfilaram no centro
histórico. A redução ocorreu por
falta de recursos para o pagamento
da infra-estrutura necessária.
Segundo o artista plástico e organizador do evento, Silvio Botelho,
foi o menor desfile dos últimos seis
anos. O encontro é realizado há
dez anos.
"A crise não deixou que os outros 40 personagens saíssem", disse Botelho. "Precisávamos de R$
25 mil, mas só conseguimos arrecadar R$ 18 mil", afirmou.
Os R$ 7.000 que faltaram, disse o
artista, seriam utilizados para o
transporte dos bonecos, compra
de fogos, camisetas, e para o pagamento dos carregadores e das orquestras de frevo.
O bloco saiu ontem com três
bandas de 30 músicos cada, contratadas por R$ 9.000 ao todo. Caso o desfile fosse feito com cem bonecos, disse Botelho, seria preciso
contratar mais duas orquestras.
Apesar dos desfalques, não faltou animação no desfile. Fogos de
artifício anunciaram a saída do
bloco pelas ladeiras da cidade no
horário previsto, às 11h20.
A passagem dos gigantes atraiu
centenas de foliões. Troças espalhadas pelo centro histórico se uniram para acompanhar as evoluções dos personagens, que faziam
reverências ao público e balançavam os braços ao som do frevo.
Como tradicionalmente ocorre,
o Homem da Meia-Noite, o mais
antigo boneco de Olinda, seguiu à
frente, escoltado de perto pela Mulher do Meio-Dia e o Menino e a
Menina da Tarde. Dos 16 novos
personagens criados por Botelho
este ano em Olinda, apenas quatro
saíram às ruas ontem.
Figuras tradicionais do Carnaval
de Olinda, os bonecos gigantes teriam surgido na Europa -possivelmente na Idade Média- para
acompanhar procissões, cortejos
populares ou festas locais.
Em Pernambuco, o primeiro deles surgiu em Belém do São Francisco, no sertão do Estado, em
1919. Foi batizado de Zé Pereira, figura típica do Carnaval.
Em Olinda, o Homem da Meia-Noite foi o primeiro a desfilar na
cidade, em 1932. A figura foi criada
pelos irmãos Benedito e Sebastião
Bernardino da Silva, dissidentes da
troça carnavalesca mista Cariri.
Segundo Silvio Botelho -criador de 366 bonecos gigantes-, os
primeiros personagens tinham estrutura de madeira e gesso e chegavam a pesar 50 quilos. Os atuais,
feitos com isopor, fibra e alumínio,
pesam 15 quilos e têm cerca de 3,20
metros de altura.
Um homem conhecido por "chapeado" é responsável pela condução do personagem.
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