São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

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estudo de caso

Ginástica acha possível evitar ‘efeito Guga’

DA REPORTAGEM LOCAL

A acrobacia de nome complicado é comentada com desenvoltura nas rodas de conversa, mesmo que as pessoas não saibam bem o que significa "duplo twist carpado".
A ginástica artística ganhou popularidade no país nos últimos anos principalmente graças a um fenômeno: Daiane dos Santos.
A ginasta caiu no gosto da mídia e do público e promoveu uma exposição nunca antes vista pela modalidade.
O "boom" dos últimos quatro anos, no entanto, ainda não foi suficiente para massificar o esporte. E a falta de capacitação de técnicos, o ocaso dos clubes e o advento da seleção permanente, acreditam especialistas, podem transformar Daiane em uma espécie de Guga, exemplo do desperdício de um ídolo.
"O crescimento da seleção foi impressionante, mas a ginástica não acompanhou isso no mesmo nível. Precisamos de investimento na base, capacitação para técnicos. A divulgação aumentou, mas não houve crescimento sensível no número de atletas. Temos de ter cuidado para que, quando os técnicos ucranianos forem embora, o aprendizado não seja perdido", analisa Laurita Schiavon, doutoranda em Educação Física da Unicamp e especialista na modalidade.
Entre 2003, ano da inédita medalha de ouro de Daiane em Mundiais, e 2004, na Olimpíada de Atenas, os atletas federados saltaram de 4.309 para 4.634. A confederação brasileira não tem dados mais atualizados.
"Temos um grande trabalho de descoberta de talentos e, com a popularização da ginástica, o interesse das crianças aumentou bastante. Temos uma excelente geração vindo pela frente", afirma a supervisora da entidade, Eliane Martins.
Desde 2003, o número de federações filiadas à CBG continua o mesmo _19.
São Paulo é o Estado com maior número de ginastas do país. Em 2006, houve cerca de 5.000 participações de atletas em eventos da federação. Mas os que começam a se interessar pelo esporte não têm ampla oferta de locais para praticá-lo.
"Ou o atleta é militante ou sócio de um clube ou faz aula em escola particular. Não há praças públicas para a prática. Se a ginástica não for abraçada pelas prefeituras, não vai aumentar seu alcance", acredita Clarice Morales, presidente da federação paulista da modalidade.
A entidade tem parceria com os CEUs (Centros de Educação Unificados, da prefeitura de São Paulo) para organizar eventos e incentivar prática da ginástica.(ML)


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