São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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CIDADE DOS SONHOS

Minhocão viraria parque suspenso

Jubran


Vencedora do prêmio Prestes Maia, dupla de arquitetos cria projeto para harmonizar o elevado e a paisagem central

DA REPORTAGEM LOCAL

Derrubar o Minhocão nunca foi opção para os arquitetos Juliana Corradini e José Alves, vencedores de um concurso organizado pela Prefeitura de São Paulo em 2006 para buscar formas de melhorar o elevado Presidente Arthur da Costa e Silva.
Casados e vizinhos da obra que mutilou a região central para costurar uma ligação entre as zonas leste e oeste, eles dizem sempre ter imaginado meios de transformar aquela imensa estrutura urbana em algo belo. "As grandes infra-estruturas da cidade devem ser reaproveitadas", diz Alves.
Segundo os arquitetos, a demolição do Minhocão sairia por cerca de R$ 84 milhões e a construção do projeto, cerca de R$ 86 milhões. "Não optamos por não demolir por causa do custo, mas porque achamos que é melhor mesmo", diz o arquiteto. A idéia da dupla é envolver o elevado em um túnel, com proteção acústica, protegendo os edifícios vizinhos do barulho dos carros e transformando a parte superior em um parque a 12 metros de altura.
"A cidade tem várias camadas que se há de aproveitar, aéreas e subterrâneas", diz Alves.
A ventilação seria feita por um sistema especial e, em locais onde não há prédios em volta, como nos trechos dos largos do Arouche e de Santa Cecília e da avenida Pacaembu, as lateriais seriam abertas. "São locais onde ele se abre para a cidade, com estruturas metálicas plugadas no corpo estrutural do túnel", conta Alves. Estão previstos ainda quatro subsolos de estacionamento.
Fechado aos domingos, o Minhocão já é usado como área de lazer por centenas de paulistanos. O parque suspenso seria cercado por alambrados, com largura entre 24 m e 30 m, onde haveria ciclovia, quadras, pistas de corrida e de skate. O acesso seria feito por rampas laterais e por sete edifícios de uso variado, implantados ao longo do percurso, que ajudariam a movimentar a região. "Do térreo até o nível do parque, os usos podem ser mais públicos; do nível do parque para cima, podem ser residenciais, de hotéis e escritórios", diz Juliana.

Muro de Berlim
"É um muro de Berlim", diz o arquiteto Michel Gorski, sobre o elevado. Autor de outro projeto inscrito no Prêmio Prestes Maia, ele defende o desmonte do Minhocão que, na sua opinião, criou uma barreira para o desenvolvimento da região. "Se não houvesse o Minhocão, o shopping Higienópolis, por exemplo, poderia estar na avenida São João, trazendo movimentação para a área central."
Propondo um desmonte em etapas, Gorski afirma que a estrutura pré-moldada da via permitiria que suas partes fossem reaproveitadas. Segundo o arquiteto, o elevado traz ainda o problema de priorizar o transporte individual em detrimento do coletivo. "A maioria dos 80 mil carros que passam por ali diariamente tem apenas uma pessoa dentro".
(MARIANA BARROS)


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