São Paulo, Quinta-feira, 18 de Março de 1999
Próximo Texto | Índice

MAL FEITO, MAL EXIBIDO, MAL FALADO

O cinema brasileiro entra no primeiro mundo

SÉRGIO DÁVILA
Editor da Ilustrada

Daqui a três dias, o filme "Central do Brasil" concorre em Los Angeles ao Oscar de melhor filme estrangeiro. É a terceira vez nos últimos quatro anos que um filme brasileiro disputa prêmio na categoria. No mesmo domingo, a atriz Fernanda Montenegro briga por uma inédita estatueta de melhor atriz. É a primeira latino-americana a fazê-lo desde a criação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, em 1928.
"Central do Brasil", dirigido por Walter Salles, já levou o prestigioso Urso de Ouro em Berlim neste ano. Abocanhou também o difícil Globo de Ouro há poucas semanas. O cinema brasileiro chegou lá? Entrou com os dois pés na porta no seleto "G-7" da cinematografia mundial?
Sim, a julgar pela recente repercussão internacional e pelo carimbo de reconhecimento da indústria cinematográfica norte-americana, a maior e mais poderosa do mundo.
Mas há problemas.
Mal feito, o filme brasileiro ainda depende do Estado. O dinheiro vem, na maior parte dos casos, de leis de incentivo fiscal. Já a técnica do melhor título nacional ainda fica a dever a uma produção média norte-americana.
Mal falado, o cinema daqui continua causando estranheza a sua mola propulsora, o público. Nesse ponto, "Central do Brasil" talvez seja um começo de virada, com seu 1,5 milhão de espectadores no Brasil até agora.
Mal exibido, o título nacional tem sua audiência, o total de salas, de bilheteria e de ingressos caindo ano a ano. Não há nem sequer dados precisos: fechados em cartel, distribuidores e exibidores escondem do público, da imprensa e mesmo do governo os números exatos.
Mesmo assim, há 93 filmes prontos, em produção ou em pré-produção, esperando sua vez.
A idéia na cabeça e a câmera na mão trarão dinheiro ao bolso e público para as salas? Leia nas próximas páginas, veja nos próximos filmes, torça no próximo domingo.


Próximo Texto: Mal feito: Indústria se organiza mal, mas consegue se desorganizar bem
Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.