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UMA SÍNTESE DE "D. QUIXOTE" EM DEZ PARTES
NA TRILHA DE D. QUIXOTE 1
Um certo fidalguete de uma incerta aldeia
por Sérgio Molina
Depois de um prefácio semeado de ironias, em que a obra
-da qual "Cervantes" se declara padrasto- é definida como "invectiva contra os livros de cavalarias", e de um punhado de poemas elogiosos assinados por grandes personagens
desses mesmos livros, começa a história de D. Quixote. De saída,
conta-se que um certo fidalguete de uma incerta aldeia no coração
da Espanha, acometido de delirium legens, resolveu encarnar um
cavaleiro andante à imitação de seus heróis de cabeceira. Vemos como ele arma sua fantasia, dá nome a si mesmo e a seu cavalo, elege a
senhora de seus pensamentos e se esgueira campo afora em busca
de aventuras memoráveis.
Já na estrada, interpela o "sábio encantador, a quem caberá ser
cronista desta peregrina história", sonhando com o livro que há de
eternizar suas façanhas. Em seguida, lemos as três primeiras: a cerimônia patética em que D. Quixote é armado cavaleiro, numa estalagem que imagina ser castelo; a salvação de um pastorzinho, cujo patrão o açoita com mais gana assim que o paladino vira as costas; o desafio a uns mercadores, instados a declarar a beleza ímpar de Dulcinéia, que termina com cavalo e cavaleiro estatelados à beira do caminho. O passeio se encerra com a ajuda de um lavrador que reconhece o
vizinho Alonso Quijana e o carrega de volta à aldeia. Não sem antes
ouvir dele um sonoro "Eu sei quem sou!".
SÉRGIO MOLINA é tradutor de "O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de La Mancha" (Ed. 34), entre outros.
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