São Paulo, sábado, 18 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NA TRILHA DE D. QUIXOTE 9

Dois ávidos leitores de alto coturno

Logo se verá que as artes do triunvirato autor mouro/tradutor/ autor cristão, e as de qualquer outro sábio encantador que se possa vislumbrar nas entrelinhas, nada seriam sem os leitores do "Engenhoso fidalgo...". O primeiro a se apresentar, com o sugestivo nome de Sansón Carrasco, é um estudante recém-chegado da cidade grande com uma boa bagagem de manhas e malícias, a quem caberá o papel principal numa nova tramóia do padre.
Sua missão consistirá em, primeiro, incentivar D. Quixote a retomar suas andanças para, em seguida, disfarçado de outro cavaleiro espelhado no da Triste Figura, interceptá-lo na estrada, desafiá-lo a duelo e, depois de vencê-lo, exigir que se recolha ao lar. Mas por conta de percalços não previstos no script -talvez por errarem a mão na imitação de D. Quixote-, o embate final terá lugar, não a um passo da aldeia, e sim nas distantes praias de Barcelona.
Antes disso, porém, muita água vai mover o moinho, e um novo jorro de aventuras e desventuras remoerá as passadas, virando de ponta-cabeça todo seu jogo de ilusões e reduzindo a pó qualquer expectativa de repetição.
No meio do caminho, entrarão em cena dois ávidos leitores de alto coturno, um casal aristocrata que, divertidíssimo com os disparates protagonizados por Sancho e D. Quixote, não poupará recursos para vê-los em ação nos seus domínios senhoriais, para sua maior recreação e fama.


Texto Anterior: Dom Quixote na música: Vocação musical do clássico atiçou compositores
Próximo Texto: A Espanha no tempo de Cervantes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.