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Fundador da festa teme pelo fim das tradições
Para organizadores, programação mantém atrações de cultura de raiz
DO ENVIADO A BARRETOS
Folia de Reis, desafio de
violeiros, pega da leitoa e
quadrilhas. Esses são alguns
exemplos de atrações desenvolvidas ao longo da história
da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos que hoje estão
quase esquecidas.
Fundadores do evento, como o segundo vice-presidente de Os Independentes, José
Sebastião Domingos, 82, defendem que a festa avance,
mescle ritmos e estilos e aceite as mudanças do mundo
moderno, mas sem deixar de
lado as tradições.
"Hoje Barretos não sabe
como viver se não tiver a Festa do Peão, mas a gente luta,
com unhas e dentes, para segurar as tradições. É uma cultura que temos de passar aos
mais jovens com exemplos",
disse Domingos.
No Parque do Peão, atualmente, sobrevivem atrações
como a Queima do Alho, a
catira e o Pau do Fuxico
-palco com duplas sertanejas que tocam músicas raiz-,
que preservam as tradições.
Mas, tanto essas atrações como os grupos folclóricos já tiveram participação mais expressiva na festa.
QUESTÃO DE GOSTO
"As mudanças e a criação
de atrações estão ligadas diretamente ao gosto e à personalidade de cada diretor, o
que motivou, no decorrer dos
anos, o desaparecimento de
algumas atrações folclóricas", escreveu o fundador do
clube Jamil Nicolau Mauad
no livro "Os Independentes
-Éramos uma Vez Vinte".
Um exemplo disso é a programação do evento em
1984, a última no recinto antigo, que teve entre as atrações o grupo israelense A Hebraica, o português Minhoto
e o parafolclórico de Olímpia
Menina Moça.
O atual presidente da entidade, Marcos Murta, disse
que a entidade está mantendo as tradições com eventos
como a Violeira Rose Abrão,
que já teve entre seus vencedores Rionegro & Solimões, e
o Pau do Fuxico. "É importante manter, e estamos fazendo isso, com o palco Agcip, por exemplo, onde se
apresentarão mais de mil artistas durante a festa."
Domingos, que hoje administra uma "fazendinha" no
parque com carro de boi e
monjolos, disse que a tradição surgiu porque a maior
parte dos membros do clube
era filho de fazendeiros. "A
gente gostava de música sertaneja, que falava de saudade, dos peões que ficavam
até 80 dias longe da família,
das danças... Hoje não tem
mais nada."
(MARCELO TOLEDO)
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