São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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Fundador da festa teme pelo fim das tradições

Para organizadores, programação mantém atrações de cultura de raiz

DO ENVIADO A BARRETOS

Folia de Reis, desafio de violeiros, pega da leitoa e quadrilhas. Esses são alguns exemplos de atrações desenvolvidas ao longo da história da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos que hoje estão quase esquecidas.
Fundadores do evento, como o segundo vice-presidente de Os Independentes, José Sebastião Domingos, 82, defendem que a festa avance, mescle ritmos e estilos e aceite as mudanças do mundo moderno, mas sem deixar de lado as tradições.
"Hoje Barretos não sabe como viver se não tiver a Festa do Peão, mas a gente luta, com unhas e dentes, para segurar as tradições. É uma cultura que temos de passar aos mais jovens com exemplos", disse Domingos.
No Parque do Peão, atualmente, sobrevivem atrações como a Queima do Alho, a catira e o Pau do Fuxico -palco com duplas sertanejas que tocam músicas raiz-, que preservam as tradições. Mas, tanto essas atrações como os grupos folclóricos já tiveram participação mais expressiva na festa.

QUESTÃO DE GOSTO
"As mudanças e a criação de atrações estão ligadas diretamente ao gosto e à personalidade de cada diretor, o que motivou, no decorrer dos anos, o desaparecimento de algumas atrações folclóricas", escreveu o fundador do clube Jamil Nicolau Mauad no livro "Os Independentes -Éramos uma Vez Vinte".
Um exemplo disso é a programação do evento em 1984, a última no recinto antigo, que teve entre as atrações o grupo israelense A Hebraica, o português Minhoto e o parafolclórico de Olímpia Menina Moça.
O atual presidente da entidade, Marcos Murta, disse que a entidade está mantendo as tradições com eventos como a Violeira Rose Abrão, que já teve entre seus vencedores Rionegro & Solimões, e o Pau do Fuxico. "É importante manter, e estamos fazendo isso, com o palco Agcip, por exemplo, onde se apresentarão mais de mil artistas durante a festa."
Domingos, que hoje administra uma "fazendinha" no parque com carro de boi e monjolos, disse que a tradição surgiu porque a maior parte dos membros do clube era filho de fazendeiros. "A gente gostava de música sertaneja, que falava de saudade, dos peões que ficavam até 80 dias longe da família, das danças... Hoje não tem mais nada." (MARCELO TOLEDO)


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