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FBI pede dados de suspeitos a
instituições financeiras dos EUA
Associated Press
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O presidente dos EUA, George W. Bush, e o vice Dick Cheney se unem a funcionários da Casa Branca em momento de silêncio pelas vítimas dos atentados da semana passada |
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Só ontem, quando completava
uma semana dos atentados a Nova York e Washington, que o Federal Reserve (banco central dos
EUA) enviou uma carta a todas as
instituições bancárias do país solicitando eventuais registros de
transações financeiras realizadas
pelos supostos terroristas.
A Folha teve acesso a uma cópia
da correspondência de ontem do
Fed. É endereçada ao responsável
pela supervisão em cada Federal
Reserve (há 12 Feds regionais nos
EUA) e a todas as organizações
bancárias, nacionais e estrangeiras, que operam no país.
Assinada pelo diretor da Divisão de Supervisão e Regulamentação Bancária do Fed, Richard Spillenkothen, a carta é apenas um
repasse de um pedido do FBI (a
polícia federal dos EUA).
Trata-se de uma informação vital para as investigações: o FBI requisita todas as movimentações
bancárias que possivelmente tenham alguma ligação com os 19
supostos responsáveis pelos atentados do dia 11.
O Fed atuou com razoável rapidez no caso: recebeu anteontem,
dia 17, uma carta do FBI solicitando as informações. Agiu no dia seguinte.
O que chama a atenção nesse
caso é a demora do FBI. A informação sobre os supostos terroristas já estava levantada, pelo menos, desde o dia 14. Um comunicado à imprensa com dados de todos os 19 nomes está à disposição
desde essa data na internet, no seguinte endereço: www.fbi.gov/pressrel/pressrel01/091401hj.htm.
O excesso de burocracia e a demora para tomar decisões têm sido apontadas como as principais
deficiências dos serviços de combate ao terrorismo nos EUA. Essas cartas obtidas pela Folha demonstram que as críticas são em
parte corretas, embora não seja
possível saber exatamente a razão
da demora do FBI.
Operações de lavagem de dinheiro ou qualquer transação financeira que deixe registro são
consideradas hoje as formas mais
eficazes de localizar algum criminoso. É virtualmente impossível
que a operação de ataque ao
World Trade Center e ao Pentágono não tenha deixado algum
rastro monetário.
Já na semana passada a Folha
soube que havia intenção de solicitar informações financeiras dos
supostos envolvidos, não apenas
ao sistema bancário nos EUA,
mas também a todos os países do
planeta. Não há informação disponível sobre se algum país já foi
formalmente acionado para colaborar a respeito.
Esse tipo de levantamento é demorado. É necessário fazer uma
varredura em milhões de registros. É improvável que seja encontrado um resultado no curto
prazo. Por essa razão a ordem para o início da procura precisaria
ter sido expedida já na semana
passada.
Pressão democrata
Ontem, dois congressistas do
Partido Democrata enviaram
uma carta para o presidente dos
EUA, George W. Bush, que é do
Partido Republicano, solicitando
que o G-7, que reúne as sete nações mais industrializadas do planeta, adote uma estratégia mais
agressiva no combate à lavagem
de dinheiro.
O senador John Kerry (democrata de Massachusetts) e o deputado John LaFalce (democrata de
Nova York) argumentam na carta
que é necessário chamar com urgência uma reunião de cúpula do
G-7 para que sejam tomadas providências. O grupo tinha um encontro planejado para o final deste mês, em Washington, durante a
reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional). Por razões de
segurança, o FMI cancelou seu
encontro e ainda não marcou nova data.
"A campanha para prevenção
de futuras ações terroristas contra
nossa nação não terá sucesso a
não ser que nós cortemos os fundos que alimentam o terrorismo",
dizem os dois políticos democratas na carta a Bush.
Os EUA também deveriam considerar sanções multilaterais e bilaterais contra países que permitam que seus sistemas financeiros
sejam usados pelo líder terrorista
saudita Osama bin Laden, apontado por Washington como o
principal suspeito dos ataques do
dia 11, ou outros grupos que tenham ligações com o terrorismo,
sugerem os congressistas americanos.
Lavagem de dinheiro
Eles também pedem que o presidente dos EUA apoie o projeto
de lei que dá ao secretário do Tesouro mais poder para atuar contra a lavagem de dinheiro. "Com
os eventos de 11 de setembro, nós
acreditamos que o senhor deseja
mais rapidez na criação de nova
legislação para combater o terrorismo internacional".
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