São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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SÃO PAULO

Com sargento Cuca, equipe perde a pose e põe a canela

Um time sem a classe de outros tempos, mas recheado de vigor físico. O São Paulo de 2004 troca o jeito pela força. Não terá mais a pose do ano passado, em que desfilava craques como Kaká e Ricardinho, mas exibirá atletas com reputação de raçudos e um técnico com currículo de linha dura.
No Paulista-04, o time capitaneado por Cuca, que estréia amanhã, contra a Ponte Preta, no Morumbi, começa a ser testado para o seu grande desafio do ano: a Taça Libertadores, competição que o clube volta a disputar depois de dez anos de ausência.
Na filosofia do treinador curitibano, a disciplina quase militar tomou o lugar da sutileza de seus antecessores Oswaldo de Oliveira e Roberto Rojas, que cultivaram o estilo "paizão" em suas passagens pelo comando são-paulino.
Cuca, seguidor do famoso livro "A Arte da Guerra", do filósofo chinês Sun Tzu, chegou ao clube defendendo um enfrentamento com os "gringos" -basicamente argentinos e uruguaios, no ano em que o clube retorna à Libertadores-, postura bem diferente da adotada pelo refinado Oliveira, que adorava falar sobre sua paixão pela música clássica, e do chileno Rojas, que, sem alarde, cobrava "alma" ao time.
"A primeira expectativa de um técnico é montar um grupo. Depois, um time de futebol", afirma o técnico são-paulino, exaltando a disciplina. "É a coisa mais bonita que existe", diz, com orgulho.
Logo que assumiu, Cuca aproveitou para explicar aos pupilos o regulamento de todas as competições que o clube disputará. "Todos têm de saber o que vamos encarar neste ano", cobra.
Segundo ele, a prioridade é a Libertadores, mas o Paulista tem importância estratégica para um bom desempenho no torneio continental. "Temos de jogar o Paulista para ganhar. Se for bem numa competição, é provável que vá bem na outra", acredita.
A nova filosofia são-paulina reflete o desejo dos dirigentes em enterrar a fama de "pipoqueiro" do time perante seus torcedores.
Não à toa, o diretor de futebol do clube, Juvenal Juvêncio, disse que só jogariam no São Paulo atletas que colocassem a "canela" (em divididas). Era uma indireta para Ricardinho, que deixou o clube na semana passada, mas mirava também os que ficaram.
"Hoje, o jogo é prático, objetivo. O cuidado com a preparação física é muito importante. Queremos atletas na acepção da palavra. E nossos jogadores são fortes, aguerridos", diz Juvêncio, sobre o time montado para este ano.
"Todo mundo sabe que eu ponho a perna, vou para a dividida. Isso não foi para mim", afirma o atacante Luis Fabiano que, com a saída de Ricardinho, dividirá com o goleiro Rogério o status de principal estrela do time em 2004.


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