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Mestrado adia a 'hora certa' de ter filhos
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
Resolver a vida profissional, viajar, comprar a casa própria, curtir
um pouco a vida a dois... Em sete
anos de casamento, Siddharta Fernandes, 31, e Raquel Lucas, 30, foram adiando sucessivamente a hora de ter filhos. A "desculpa" do
momento é o mestrado, que Raquel está terminando.
"Quando nos casamos, estávamos começando nossa vida profissional. Decidimos primeiro nos
estabelecer e depois pensaríamos
em filhos", conta Raquel, que é
psiquiatra.
Com essa questão resolvida, os
dois decidiram que seria melhor
viajar primeiro. "Queríamos nos
curtir, aproveitar a vida a dois",
conta Siddharta.
Depois, foi a vez de dar prioridade à compra de uma casa -eles
vivem em uma casa espaçosa, com
um amplo jardim em Vargem
Grande, bairro afastado (40 km)
do centro do Rio. "Nosso projeto
de vida incluía um lugar onde pudéssemos receber os amigos e ter
uma vida tranquila como uma família", explica o marido, que
adora organizar churrascos.
Enquanto não chega a "melhor
hora" de ter filhos, o casal vive rodeado de quatro cachorros e reserva pelo menos um momento, todos os dias, para ter uma "conversa tranquila".
Acordam cedo para que possam
tomar o café da manhã a dois e
também se organizaram de modo
a voltar para casa juntos para jantar- sempre com a TV desligada.
Para isso, Siddharta, que é especialista em informática educacional e sai mais cedo do trabalho, espera Raquel acabar sua aula na
pós-graduação. Ocupa o tempo
vago com aulas de inglês e de cavaquinho.
A exceção acontece às quintas-feiras, quando Raquel dá um
plantão de 24 horas em um hospital municipal, e ele aproveita o
"dia livre" para sair com os amigos. "O que faz com que fiquemos
bem juntos é que preservamos
nossa vida em comum, mas também fazemos questão de que cada
um tenha seu espaço", diz Siddharta. A mulher concorda: "Não
é porque casamos que somos um
só. Cada um tem a sua vida".
Mesmo assim, precisaram fazer
algumas "adaptações": ele é mais
caseiro, ela gosta da noite. "Faz
tanto tempo que eu não vou a uma
boate", reclama Raquel. "Ih! Eu
sabia que essa conversa não ia acabar bem...", brinca Siddharta.
O marido agora quer ter filhos.
"Quatro", diz. Mas Raquel ainda
não se animou: "Quatro? De onde
você tirou isso? Vou fingir que
nem estou ouvindo."
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