São Paulo, domingo, 20 de setembro de 1998

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Mestrado adia a 'hora certa' de ter filhos

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

Resolver a vida profissional, viajar, comprar a casa própria, curtir um pouco a vida a dois... Em sete anos de casamento, Siddharta Fernandes, 31, e Raquel Lucas, 30, foram adiando sucessivamente a hora de ter filhos. A "desculpa" do momento é o mestrado, que Raquel está terminando.
"Quando nos casamos, estávamos começando nossa vida profissional. Decidimos primeiro nos estabelecer e depois pensaríamos em filhos", conta Raquel, que é psiquiatra.
Com essa questão resolvida, os dois decidiram que seria melhor viajar primeiro. "Queríamos nos curtir, aproveitar a vida a dois", conta Siddharta.
Depois, foi a vez de dar prioridade à compra de uma casa -eles vivem em uma casa espaçosa, com um amplo jardim em Vargem Grande, bairro afastado (40 km) do centro do Rio. "Nosso projeto de vida incluía um lugar onde pudéssemos receber os amigos e ter uma vida tranquila como uma família", explica o marido, que adora organizar churrascos.
Enquanto não chega a "melhor hora" de ter filhos, o casal vive rodeado de quatro cachorros e reserva pelo menos um momento, todos os dias, para ter uma "conversa tranquila".
Acordam cedo para que possam tomar o café da manhã a dois e também se organizaram de modo a voltar para casa juntos para jantar- sempre com a TV desligada.
Para isso, Siddharta, que é especialista em informática educacional e sai mais cedo do trabalho, espera Raquel acabar sua aula na pós-graduação. Ocupa o tempo vago com aulas de inglês e de cavaquinho.
A exceção acontece às quintas-feiras, quando Raquel dá um plantão de 24 horas em um hospital municipal, e ele aproveita o "dia livre" para sair com os amigos. "O que faz com que fiquemos bem juntos é que preservamos nossa vida em comum, mas também fazemos questão de que cada um tenha seu espaço", diz Siddharta. A mulher concorda: "Não é porque casamos que somos um só. Cada um tem a sua vida".
Mesmo assim, precisaram fazer algumas "adaptações": ele é mais caseiro, ela gosta da noite. "Faz tanto tempo que eu não vou a uma boate", reclama Raquel. "Ih! Eu sabia que essa conversa não ia acabar bem...", brinca Siddharta.
O marido agora quer ter filhos. "Quatro", diz. Mas Raquel ainda não se animou: "Quatro? De onde você tirou isso? Vou fingir que nem estou ouvindo."



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