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Quem estudou menos de quatros anos pode até ter aprendido a escrever o nome, mas não consegue redigir um bilhete
Editoria de Arte/Folha Imagem
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Analfabeto funcional chefia 34,7% das famílias do país
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
A renda das pessoas responsáveis pelos domicílios aumentou,
mas uma em cada três famílias
brasileiras ainda é comandada
por um analfabeto funcional:
34,7% dos responsáveis pelos domicílios não conseguem interpretar uma conta de IPTU ou ajudar
os filhos nas tarefas escolares. É
considerado analfabeto funcional
quem estudou menos de quatro
anos. Essa pessoa pode até ter
aprendido a escrever o nome, mas
não consegue redigir um bilhete
ou interpretar um texto. Em 1991,
43,5% dos responsáveis pelos domicílios tinham no máximo três
anos de estudo. O
analfabetismo
funcional é um
problema que interfere diretamente na obtenção do emprego e
no nível de rendimento -e, portanto, na condição de bem-estar
da família. Dos
responsáveis por
domicílios, 16,2%
não têm instrução
ou só estudaram
um ano, e 18,5%
têm de um a três
anos de estudo.
Apenas 21,6% têm 11 anos de estudo (tempo necessário para concluir o ensino médio) ou mais.
De 1991 para 2000, a taxa de
analfabetismo entre os responsáveis pelos domicílios teve redução
(de 23,8% para 17,2%), mas ainda
há 8 milhões de famílias comandadas por analfabetos.
Em todo o país, a escolaridade
do responsável pela família melhorou. A média de anos de estudo subiu de 4,8 em 1991 para 5,7
em 2000 -ou seja, o responsável
pela família não concluiu, na média, nem mesmo o ensino fundamental. Entre as unidades da federação, o Distrito Federal tem a
maior escolaridade do responsável pelo domicílio: 8,2 anos de estudo. Os piores
índices estão no
Piauí (3,5 anos).
Entre os municípios, Niterói (RJ)
e Florianópolis
(SC) têm médias
de 9,7 e 9,6 anos
de estudo.
A renda média
do responsável
pelo domicílio é
R$ 769 -um aumento de 41,9%
em relação aos R$
542 de 1991 (em
valores atualizados, já que a moeda da época era o
cruzeiro). A melhora nos indicadores de rendimento não esconde, porém, que a desigualdade é a
marca da distribuição de renda
no Brasil. Metade dos responsáveis pelos domicílios -22,3 milhões de pessoas- ganha menos
de R$ 350 (rendimento mediano).
"O aumento no rendimento do
responsável reflete a economia do
país. Em 1991, o Brasil estava em
crise depois do Plano Collor. O
rendimento subiu em 1993 e 1994,
com o Plano Real, e voltou a cair
nos últimos dois anos", diz Vandeli Guerra, consultora do IBGE.
Enquanto o rendimento mediano
mostra o valor do meio (metade
da população ganha mais, metade
ganha menos), o rendimento médio, calculado por média aritmética simples, é influenciado pelos
valores mais altos.
A renda média do responsável pelo domicílio é R$ 769. Houve um aumento de 41,9% em relação aos R$ 542 de renda média registrados
em 1991
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A concentração de renda dos
responsáveis pelas famílias caiu:
0,609, pelo índice de Gini (indicador internacional que varia de zero a 1 -quanto mais alto o índice,
maior a concentração de renda).
Em 1991, o índice era 0,637.
Um em cada quatro domicílios
tem como responsável alguém na
faixa etária de 30 a 39 anos. Em relação a 1991, caiu o número de responsáveis nas faixas etárias mais
jovens. Mas ainda há um grupo
especialmente vulnerável: 12.589
domicílios têm como responsáveis crianças de 10 a 14 anos.
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