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Vamos liderar de novo, diz presidente
Obama rompe com unilateralismo de Bush, mas faz advertência a inimigos
Longa lista de promessas na área externa vai de resgatar relações com muçulmanos
a sair do Iraque; América Latina não foi mencionada
DE WASHINGTON
Seu antecessor, George W.
Bush, errou, e os EUA e o mundo estão pagando por isso, afirmou Barack Obama no trecho
de seu discurso que tratou de
política externa. Daí ao país dividir seu papel de líder no mundo com outros atores há uma
distância que o novo presidente não pretende percorrer, diferentemente do que deu a entender na campanha.
"Dizemos a todos os povos e
governos que nos estão assistindo hoje, desde as capitais
mais grandiosas até o pequeno
povoado em que meu pai nasceu: saibam que a América é
amiga de cada país e cada homem, mulher e criança que
busca um futuro de paz e de
dignidade", afirmou. Mas que o
mundo seja avisado, também,
de "que estamos preparados
para liderar novamente".
Rompendo tradição em
eventos do tipo, Obama criticou duramente as políticas do
antecessor, que, rosto impassível, o observava sentado a poucos metros, acompanhado da
família e dos pais. Depois de dizer que rejeitava o falso dilema
entre segurança e ideais, num
dos momentos mais aplaudidos do discurso, o democrata
prometeu não abrir mão da
Constituição "em nome da conveniência".
"Recordem que gerações anteriores enfrentaram e derrotaram o fascismo e o comunismo
não apenas com mísseis e tanques, mas com alianças fortes e
convicções duradouras", disse.
Que isso, no entanto, não seja
encarado como leniência. Na
pragmática Era Obama, os
americanos não vão "pedir desculpas" por seu modo de vida
nem "hesitarão em sua defesa".
"Àqueles que buscam promover seus objetivos induzindo ao
terror e massacrando inocentes afirmamos neste momento
que nosso espírito é mais forte
e não pode ser derrotado."
Aos muçulmanos, acenou
com "um novo caminho", baseado "nos interesses mútuos e
no respeito mútuo".
Aos que se agarram ao poder
pelo "logro e o silenciamento
da dissensão", disse que estão
do lado errado da história, mas
prometeu "estender uma mão,
se vocês se dispuserem a abrir
seus punhos".
Obama não citou os vizinhos
latino-americanos diretamente nenhuma vez, mas um dos
prováveis destinatários da última frase é o regime cubano, um
do longo índex de tensões externas que esperam Obama:
conflitos no Iraque e Afeganistão, nervosismo no Paquistão,
corrida nuclear na Coreia do
Norte e Irã, precário cessar-fogo entre Israel e palestinos.
Pois a lista de promessas de
Obama na área é longa e de difícil realização. Os EUA devolverão o Iraque "de modo responsável" e "forjarão a paz" no Afeganistão. Reduzirão a ameaça
nuclear e afastarão o "fantasma" do aquecimento global.
Ajudarão os povos mais pobres
na alimentação e no ambiente.
E pedirão às nações mais ricas
que façam o mesmo. Tudo em
quatro anos.
(SÉRGIO DÁVILA)
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