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O PRESIDENTE
Substituto será definido hoje e Congresso pode convocar eleição
Assembléia Legislativa pode escolher novo presidente em
pleito indireto ou convocar novo processo sucessório direto
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
O substituto de Fernando de la
Rúa na Presidência da Argentina
deve ser escolhido hoje pela manhã, quando se reúne a Assembléia Legislativa -sessão conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados- para aceitar sua renúncia e indicar seu sucessor. A
sessão está marcada para as 11h.
De la Rúa não tem vice-presidente, porque Carlos "Chacho"
Álvarez renunciou ao cargo no final de 2000 em protesto contra escândalo de corrupção no Senado.
Segundo a Lei de Acefalia, que
estabelece passos a seguir quando
presidente e vice morrem, são
destituídos, ficam incapacitados
de exercer o cargo por doença ou
renunciam, o presidente do Senado, seguinte na linha sucessória,
deveria assumir o cargo provisoriamente e convocar a Assembléia
Legislativa num prazo de 48 horas
para eleger um novo presidente.
Porém o atual presidente do Senado, o peronista Ramón Puerta,
poderá nem mesmo assumir o
cargo se a Assembléia Legislativa
designar imediatamente um novo
presidente após aceitar a renúncia
de De la Rúa hoje pela manhã.
O novo presidente deve ser indicado entre os 257 deputados, 72
senadores e 24 governadores.
A lei não é clara sobre se o novo
presidente deve cumprir o restante do mandato ou se haveria eleições antecipadas. Além disso, o
texto, de 1975, é anterior à reforma constitucional de 1994. Para
alguns analistas, isso poderia torná-la questionável.
O próprio parágrafo da Constituição que trata do tema, em seu
artigo 75, estabelece que o Congresso deve analisar o pedido de
renúncia do presidente ou do vice
e "declarar o caso de proceder
com uma nova eleição".
O senador peronista Eduardo
Duhalde, que foi derrotado por
De la Rúa nas eleições presidenciais de 1999, disse ontem que seria "um disparate" a convocação
de eleições antecipadas.
"Não há clima algum no país
para tanto", afirmou. "Deve-se
designar um presidente de transição, com mandato parlamentar,
que complete o mandato de De la
Rúa e que não possa se candidatar
em 2003", disse.
Para o deputado Mario Cafiero,
dissidente do peronismo, devem
ser convocadas novas eleições.
"Não tenho dúvidas de que só um
novo presidente eleito pelo voto
popular teria legitimidade suficiente para enfrentar esta crise",
disse à Folha Cafiero.
O deputado integra hoje o ARI
(Argentina por uma República de
Iguais), partido liderado pela deputada Elisa Carrió e que se tornou a terceira maior força do
Congresso após as eleições de outubro. Carrió é apontada pelas últimas pesquisas como a favorita a
vencer as eleições presidenciais se
elas fossem realizadas hoje.
Apesar de ainda existir polêmica jurídica sobre a duração do
mandato do presidente eleito pela
Assembléia, parlamentares do
Partido Justicialista (peronistas)
discutiam a alteração das leis de
sucessão. No começo da noite de
ontem, deputados e senadores
peronistas rascunhavam um projeto de lei a fim de votá-lo antes do
final da semana. O objetivo seria
obrigar Puerta a convocar novas
eleições presidenciais diretas.
Desde o governo de Marcelo T.
de Alvear, entre 1922 e 1928, que
um presidente da União Cívica
Radical não consegue terminar o
mandato. O último presidente radical havia sido Raúl Alfonsín
(1983-1989), que teve de deixar o
governo devido também a uma
onda de saques e revolta social.
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