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Estresse contínuo lesa a
memória, diz estudo
CLAUDIA ASAZU
da Equipe de Trainees
O estresse contínuo causa atrofia
na parte do cérebro responsável
pela memória e pelo aprendizado
(o hipocampo), segundo estudo
realizado no Canadá e nos EUA.
A lesão é causada pelo cortisol,
hormônio liberado em momentos
de tensão e que prepara a pessoa
para enfrentar uma situação em
que o corpo será mais exigido, como num vestibular. Um dos efeitos do cortisol é aumentar a atenção do indivíduo.
Mas a liberação prolongada do
hormônio degrada os neurônios,
causando a diminuição do volume
do hipocampo.
O estudo, publicado na edição
de abril da revista norte-americana "Nature Neuroscience", indicou que, em cinco anos, pacientes com altos níveis de cortisol no
sangue sofreram uma redução de
14% do volume do hipocampo em
relação aos indivíduos com níveis
normais da substância.
Especialistas não conseguiram
ainda determinar qual a dose de
cortisol a que a pessoa deve estar
exposta e qual o tempo de estresse
contínuo pelo qual ela deve passar
para que o cérebro seja afetado.
Sabe-se, porém, que o estresse
contínuo está ligado à evolução de
doenças mentais, de acordo com o
psiquiatra Antônio Guerra Vieira,
pesquisador do Laboratório de Investigações Médicas do Hospital
das Clínicas de São Paulo.
O pesquisador aponta que fatores estressantes podem desencadear doenças como depressão, esquizofrenias e pânico. O recebimento de más notícias e situações
desgastantes serviriam como "detonadores" dessas doenças se a
pessoa apresentar uma predisposição biológica.
"O mal que o estresse faz depende de pessoa para pessoa. Em algumas, pode desencadear uma doença mental e, em outras, uma úlcera
ou uma diarréia", diz.
Sintomas
O estresse não é considerado
uma doença pela medicina, mas
uma resposta do organismo a situações desgastantes.
A psicóloga Mariangela Gentil
Savoia, do Ambulatório de Ansiedades (Amban), do Hospital das
Clínicas de São Paulo, define estresse como uma mudança de vida
que causa um desconforto e à qual
a pessoa precisa se adaptar.
Os sintomas do estresse -ansiedade, tensão, angústia, insônia,
hipersensibilidade emotiva- surgem quando não há adaptação a
essa mudança.
Além desses sintomas, o indivíduo com estresse pode apresentar
taquicardia, náusea, problemas
estomacais, tensão muscular e esfriar das mãos.
A psicóloga afirma que as pessoas enfrentam, durante o dia, vários "microestressores", como o
trânsito ou filas.
"Até a década de 70, se falava
apenas nos grandes estressores. Só
a partir de 1976 é que se colocou a
importância da somatória desses
microestressores", diz Savoia.
Para a psicóloga, uma pessoa pode lidar com esses fatores. "Mas,
às vezes, um fator estressante a
mais pode desencadear transtornos psiquiátricos", diz.
A psiquiatra Vera Tess, do Amban, fala em dois tipos de estresse.
O agudo é causado por algum
evento momentâneo, como assalto, estupro ou acidente. O crônico
é o desconforto constante e prolongado causado, por exemplo,
por desemprego ou relacionamentos afetivos insatisfatórios.
Em ambos os casos, ocorre liberação do cortisol.
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