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Centro-Oeste depende de solução para seus gargalos
Candidatos aos governos estaduais também miram promessas na ampliação de incentivos fiscais ; região rica no agronegócio sofre com problemas em estradas, ferrovias e hidrovias que, a médio prazo, podem comprometer a renda do setor e sua competitividade
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
As previsões de expansão
da demanda mundial por alimentos colocam a região
Centro-Oeste, responsável
por 35% da safra de grãos do
país, em condições de manter o ritmo de crescimento verificado na última década.
Segundo analistas, produtores e entidades do agronegócio, esse prognóstico é
condicionado, porém, à solução de gargalos que afetam a
renda do setor e a competitividade da produção.
O tema é tido como prioritário nas promessas dos principais candidatos aos governos de Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Goiás.
Além da ampliação dos
atuais programas de incentivo fiscal, os candidatos prometem pressionar o governo
federal a tirar do papel projetos de ferrovias, hidrovias e a
expansão de portos.
"Promover ações políticas
para a construção da Ferrovia Centro-Oeste, consolidar
a hidrovia Paraguai-Paraná e
a estruturação dos portos",
diz trecho do programa de
governo de Silval Barbosa
(PMDB), atual governador e
candidato que lidera as pesquisas ao governo em MT.
Em segundo lugar no Estado, o empresário Mauro Mendes (PSB) defende que "o sistema rodoviário se interligue
aos sistemas ferroviário, hidroviário e aeroviário".
Em Mato Grosso do Sul,
André Puccinelli (PMDB),
que tenta reeleição, diz que
vai atuar para pavimentar e
federalizar rodovias. Seu
oponente, Zeca do PT, propõe "o reaparelhamento de
portos, aeroportos, geração e
transmissão de energia e comunicação".
Em Goiás, Marconi Perillo
(PSDB) fala em criar "política
agrícola, baseada em assistência técnica e segurança
rural", enquanto Íris Rezende (PMDB) espera o apoio federal para assegurar a construção do Alcoolduto que liga Senador Canedo (próxima
a Goiânia) a Paulínia (SP).
DEVER DE CASA
Do escoamento eficiente
da safra às definições ambientais e fundiárias, os futuros governantes têm uma extensa "lição de casa" a cumprir, diz José Gasques, coordenador de Planejamento do
Ministério da Agricultura.
Mas a região não quer apenas exportar produtos primários. Especialmente nos últimos dez anos, tem recebido
investimentos industriais.
O movimento tem, em parte, relação com políticas de
incentivo fiscal que, no caso
de MT, geram renúncias superiores a investimentos em
saúde e educação.
"Em Goiás, como também
em todo o Centro-Oeste, o
processo de agroindustrialização está em pleno desenvolvimento. Ou seja, a vocação continua a mesma, mas o foco não é mais apenas a exportação de produtos primários", diz o economista Cleyzer Cunha, da Universidade
Federal de Goiás.
O presidente da Federação
da Agricultura e Pecuária de
Mato Grosso do Sul, Eduardo
Riedel, afirma que as perspectivas "são fantásticas" e
que a infraestrutura "não é o
único limitante".
"Seja em relação às normas ambientais ou à questão
indígena, vivemos tempos de
insegurança", declara.
Normando Corral, da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, reconhece que a maior parte dos
"gargalos" existentes hoje na
região é de responsabilidade
federal. Mas atribui grande
importância aos governadores. "De nada adianta a implantação de uma hidrovia
se as rodovias estaduais de
acesso às fazendas estão intransitáveis", afirma.
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