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Sul tenta recuperar década perdida na economia nacional
Região enfrenta concentração de riqueza em centros urbanos e vive, nos últimos anos, perda da participação no PIB nacional ; candidatos aos governos estaduais miram promessas no incentivo às microrregiões com dificuldades para agregar valor à produção local e modernizar a economia
GRACILIANO ROCHA
ENVIADO ESPECIAL A QUARAÍ (RS)
Os próximos governadores
do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná terão
o desafio de recuperar o terreno perdido pela região na
economia brasileira durante
o governo Lula.
De 1995 a 2003, a participação da região Sul no PIB
(Produto Interno Bruto) nacional cresceu de 16,2% para
17,7%. De 2003 a 2007, essa
proporção caiu para 16,6%,
segundo dados do IBGE.
A parte da equação que cabe aos próximos mandatários inclui o fomento à produção em regiões economicamente deprimidas por meio
de políticas de combate às
desigualdades regionais.
Apenas cinco municípios
respondem por cerca de um
quarto da riqueza da região
Sul: Curitiba (PR), Joinville
(SC) e as gaúchas Porto Alegre, Canoas e Caxias do Sul.
O caso mais emblemático é
o do RS, maior economia da
região. A realidade econômica e social do Estado lembra
à da Itália, um país dividido
entre o norte rico e industrializado e o sul pobre.
O próspero norte gaúcho é
exemplo de dinamismo econômico e social. Dos cem municípios que compõem a elite
do Índice de Desenvolvimento Humano no Brasil, 33 estão na Serra Gaúcha ou na
Grande Porto Alegre. O primo
pobre é o Pampa, na divisa
com a Argentina e o Uruguai.
Os moradores empobreceram desde o Pós-Guerra pelo
declínio da pecuária.
ECONOMIA DIZIMADA
A história da Cooperativa
de Lãs Quaraí (600 km de
Porto Alegre) se confunde
com a da decadência do
Pampa e pode ser exemplo
do que ocorre em outras partes dos três Estados sulistas.
Fundada em 1952, quando
os municípios da fronteira
com o Uruguai ainda eram o
motor da economia do sul do
país graças à carne e à lã, a
cooperativa definhou de crise em crise.
O rebanho de ovelhas caiu
de 400 mil para 160 mil, puxando para baixo a produção
de lã -hoje de 450 mil quilos/ano, 25% do que já produziu. A produção é exportada "in natura" e parte volta
ao Brasil, já industrializada,
como "made in Uruguay".
Para o presidente da Fundação de Economia e Estatística do RS, Adelar Fochezatto, a incapacidade de agregar
valor à produção e modernizar a economia primária é a
raiz do empobrecimento do
Pampa, enquanto a serra
gaúcha e a região de Porto
Alegre se industrializaram.
A chamada "metade sul"
já respondeu por 40% do PIB
gaúcho até os anos 1940. Hoje, representa menos de 20%.
Entre 1999 e 2007 -período em que petistas, peemedebistas e tucanos se revezaram no governo -as 11 cidades da fronteira oeste ficaram entre as que mais perderam população no país.
Ali houve redução de
7,3%, enquanto a população
do Estado cresceu 4,4%. Nenhuma delas aparece entre
as 500 primeiras em IDH.
O declínio populacional é
provocado por migrações
motivadas pela busca de trabalho. "Deve haver uma outra Quaraí na Serra Gaúcha.
Aqui só ficam os bem teimosos", afirma o veterinário Roberto Arzeno da Silva, dirigente da cooperativa.
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