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ARMAS
Perspectiva de guerra torna fabricantes de armas "beneficiários" dos atentados nos EUA
Crise impulsiona indústria bélica
JAMES DAO
DO "THE NEW YORK TIMES"
O Pentágono está redigindo
uma "lista de compras" para a luta global contra o terrorismo prometida pelo presidente Bush. Resultado: dezenas de fornecedores
militares podem estar entre os beneficiários dos ataques sofridos
pelos EUA em 11 de setembro.
Ao mesmo tempo em que esses
ataques provocaram uma queda
enorme no mercado acionário, as
perspectivas do complexo militar-industrial estão melhores do
que estiveram em anos.
A oposição política que se manifestava no Congresso contra a
hipótese de grandes aumentos
nos gastos do Pentágono desapareceu do dia para a noite.
Ganhadores e perdedores da
corrida pelo dinheiro do Pentágono também serão determinados
pelos resultados das tentativas de
Donald Rumsfeld de transformar
as Forças Armadas. Suas metas
incluem melhorar os serviços de
inteligência, ampliar a capacidade
de ataque à distância e um esforço
para tornar as forças americanas
mais leves, mais velozes e tecnologicamente mais sofisticadas.
Mas esse processo enfrenta a resistência acirrada de alguns comandantes e parlamentares, para
quem Rumsfeld quer tirar dinheiro dos programas de modernização dos navios, aviões e morteiros
convencionais em favor de produtos ainda não testados, como
aviões espaciais ou submarinos
pilotados por controle remoto.
Os números do orçamento contam a história toda. Três dias depois dos atentados, o Congresso
aprovou US$ 40 bilhões em fundos de emergência, dos quais entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões
para as Forças Armadas. Ao longo das próximas semanas, também deve ser aprovado um aumento de US$ 33 bilhões no orçamento do Pentágono, elevando-o
para US$ 329 bilhões no ano fiscal
que começa no próximo dia 1º.
E, antes de serem depositados
os votos finais do plano de gastos
de 2002, o Pentágono deve pedir
uma verba adicional de entre US$
15 bilhões e US$ 25 bilhões.
Boa parte da verba inicial será
usada na reconstrução da parte
do Pentágono destruída pelo
avião sequestrado, para financiar
a intensificação da segurança em
instalações militares americanas
pelo mundo afora e para preparar
os ataques retaliatórios. Isso significa comprar novos projéteis,
mísseis, botas, equipamentos de
reconhecimento e peças avulsas.
Mas muitos analistas e oficiais
prevêem que, depois de satisfeitas
essas necessidades básicas, ainda
vai sobrar bastante dinheiro. Os
senadores e os chefes das armas
provavelmente vão querer gastar
esses fundos com programas de
armamentos de sua predileção,
tais como os caças F-18E e F-18F
da Boeing, o sistema de artilharia
Crusader da United Defense e o
destróier "invisível" DD-21 da
Northrop Grumman e da General
Dynamics. Para os analistas, o fato de esses sistemas não terem utilidade evidente na guerra contra o
terrorismo não vem ao caso.
"Existe uma percepção intensificada de perigo, os recursos aumentaram e a divisão entre republicanos e democratas se reduziu", disse Loren Thompson, executivo-chefe do Instituto Lexington, uma organização de política
militar da Virgínia. "Esses três fatores se conjugam para melhorar
as perspectivas de muitos programas de defesa, mesmo os que não
parecem ter relevância imediata."
Se essa "orgia de encomendas"
vai durar ou não, isso vai depender da natureza e duração da operação militar ordenada por Bush.
Uma guerra terrestre pode ajudar
os construtores de equipamentos
blindados, como a General Dynamics. Uma guerra travada principalmente desde o ar beneficiaria a
Lockheed ou a Boeing. E uma
guerra de tipo totalmente diferente, na qual encontrar um inimigo
oculto vai exigir inteligência e habilidades de espionagem, mais do
que simples poder de fogo, pode
beneficiar empresas como a
Northrop, que produz o avião de
espionagem Global Hawk.
No entanto, o fluxo de dinheiro
que deve começar a sair do Capitólio em pouco tempo irá para
uma ampla gama de fornecedores
militares, grandes e pequenos.
"Quando a maré sobe, ela levanta
todos os barcos", disse John Williams, porta-voz da Associação
Nacional da Indústria da Defesa,
que representa 900 fornecedores
de equipamentos militares.
Serão compradas janelas e portas à prova de explosões para o
Pentágono e outros prédios militares. O setor de peças e os contratos de manutenção vão crescer, à
medida que mais e mais navios,
aviões e helicópteros forem submetidos ao desgaste de serem enviados ao exterior. Os fabricantes
também poderão ter novos pedidos de mísseis teleguiados.
Mas planejadores do Pentágono
também andam falando em acelerar a produção de artigos muito
maiores no caso de a guerra se
prolongar. Exemplo: Rumsfeld,
secretário da Defesa, exortou a indústria de armas a elevar o número de aviões de reconhecimento
disponíveis para localizar a rede
terrorista de Osama bin Laden.
Se Rumsfeld conseguir seu intento, os maiores vencedores da
transformação serão as empresas
que produzem equipamentos de
coleta de informações, sistemas
de comunicações sem fio, armas
teleguiadas de precisão e componentes da defesa antimísseis.
Tradução de Clara Allain
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