São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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PROFISSÕES VERDES

Preocupação muda também o mercado

Empresas aumentam quadro de funcionários ligados ao desenvolvimento sustentável

JULIANA CARIELLO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Testas franzidas de preocupação com o aquecimento global, mais páginas da Constituição voltadas à defesa do ambiente, mais palavrinhas mágicas como responsabilidade social. A soma resulta na necessidade cada vez maior de profissionais cujo trabalho tenha relação direta com a preservação do solo, do ar e da água, como geólogos, engenheiros e gestores ambientais.
A Petrobras ilustra bem essa tendência. A estatal emprega hoje 1.071 pessoas ligadas à área ambiental, contra apenas 89 em 2003. "Procuramos trabalhar com uma equipe multidisciplinar, pois, desta forma, conseguimos contemplar os múltiplos aspectos ambientais de cada projeto", diz Mônica Linhares, gerente de meio ambiente.
Em seu plano de crescimento, a Vale do Rio Doce coloca a questão ambiental como a mais importante -seja na prevenção seja na redução dos impactos ambientais das operações. "As oportunidades na área serão crescentes na Vale", aposta Luiz Claudio Castro, gerente-geral de licenciamento e tecnologia ambiental.
A crença no aumento da demanda de profissionais do ambiente é compartilhada pelo consultor de recrutamento da Case Consulting, Rodrigo Portela. "O crescimento será impulsionado pela necessidade de as empresas terem uma conduta ambientalmente responsável para a obtenção de investimentos ou empréstimos de outras instituições."
Antes de emprestar dinheiro para uma empresa, o Banco Real checa se as suas práticas são sustentáveis. "Treinamos nossos funcionários para que eles tomem decisões com base na sustentabilidade ambiental, social e econômica", diz Linda Murasawa, superintendente de sustentabilidade da diretoria de comercial e varejo do Real.
Em casos de análises ambientais muito específicas, o banco trabalha com consultorias especializadas.
A consultoria ATA (Ativos Técnicos e Ambientais), por exemplo, é contratada por empresas para cuidar da redução de suas emissões de carbono. "As possibilidades de redução são estudadas considerando aprimoramentos tecnológicos, investimentos, custos operacionais, riscos e receitas", diz Jaime Bunge, sócio da ATA.
Para Fernando Penteado de Castro, sócio da área ambiental do Pinheiro Neto Advogados, o ramo é a vanguarda do direito. "As normas foram ditadas de 30 anos para cá, e as empresas têm dado muita atenção ao tema." Tatiana Dratovsky, também do Pinheiro Neto, completa: "Passamos a prestar assessoria preventiva a muitas empresas no processo de licenciamento necessário à implantação adequada de atividades potencialmente poluidoras".
O advogado ambiental Gabriel Sister, do Tozzini Freire Advogados, se envolveu na área por acaso. Queria desenvolver um estudo ligado ao mercado de capitais para o seu mestrado, em 2005, e descobriu o mercado de créditos de carbono, algo totalmente novo na época. Hoje tem um livro publicado sobre o assunto.


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