São Paulo, sábado, 25 de julho de 1998

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LONGA DISTÂNCIA
Embratel sofrerá o maior impacto

da enviada especia ao Rio

Das 12 empresas que serão leiloadas pelo governo federal no próximo dia 29, a Embratel é a que mais sentirá o impacto da abertura do mercado para a competição.
Pelas regras fixadas, as empresas de telefonia local, bem como suas concorrentes, as "empresas-espelhos" (leia texto ao lado) poderão fazer ligações interurbanas dentro de suas áreas de concessão.
Atualmente, só a Embratel faz ligações de um Estado para outro. A partir da privatização, quatro operadoras (a telefônica local e sua "espelho" e a Embratel e sua "espelho") disputarão o mercado, oferecendo o mesmo serviço.
Veja-se, por exemplo, a Tele Norte Leste, cuja área se estende do Rio ao Amazonas: ela poderá fazer ligações entre 16 Estados. Em contrapartida, as chamadas dentro de um mesmo Estado, que hoje são monopólio das telefônicas locais, passarão a ser oferecidas pela Embratel e por sua "espelho" no serviço de longa distância.
Qual é o futuro da empresa diante de tamanha mudança? Segundo o consórcio Brasilcom, que assessorou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na modelagem da privatização, o preço médio das ligações interestaduais, que hoje se situa em torno de R$ 0,27 por minuto, cairá para R$ 0,16 por minuto ao final dos próximos quatro anos.
Em compensação, a queda das tarifas irá provocar uma explosão no consumo. Os consultores prevêem que o volume de interurbanos crescerá 263% até 2007.
A experiência internacional mostra que, após a quebra do monopólio na telefonia de longa distância, a antiga monopolista perde cerca de 40% do mercado para os novos concorrentes. Por outro lado, a guerra de preços faz o mercado crescer e no fim todos ganham.
O consórcio de empresas que comprar a Embratel enfrentará, porém, uma segunda dificuldade: terá que fazer investimentos pesados porque a companhia está atrasada em termos de tecnologia.
Esse seria um dos maiores obstáculos para a privatização da Embratel. Apesar da previsão de que os novos controladores terão de investir muito a curto prazo, causou surpresa a declaração do ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações), que espera que a Embratel seja vendida com um ágio reduzido.
A expectativa das empresas interessadas no leilão é de que haja pelo menos dois consórcios interessados em comprar a Embratel, os dois liderados por empresas americanas que são operadoras de telefonia de longa distância.
Uma dessas companhias é a MCI, que até agora manteve sigilo sobre suas parcerias. O outro consórcio seria formado pela Sprint, o Banco Opportunity e fundos de pensão. Os dois consórcios devem disputar o leilão da Embratel, e o que perder certamente disputará a compra da concessão da "empresa-espelho" da Embratel. (ELVIRA LOBATO e CÉLIA GOUVEIA FRANCO)



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