EUA renegociam parte da dívida paquistanesa como prêmio pelo apoio

KENNEDY ALENCAR
ENVIADO ESPECIAL A PESHAWAR

O Paquistão retirou ontem seus diplomatas de Cabul, capital Afeganistão, no mesmo dia em que recebeu uma delegação americana que presenteou o governo com o perdão de uma pequena parcela de sua dívida externa.
A embaixadora do EUA em Islamabad, Wendy Chamberlain, e o ministro da Economia do Paquistão, Nawid Ahsan, assinaram um acordo que renegocia US$ 396 milhões da dívida externa do país asiático, que é de US$ 38 bilhões.
Os Estados Unidos já suspenderam sanções econômicas contra o Paquistão impostas devido a testes nucleares realizados em 1998 na corrida armamentista com a vizinha Índia. O FMI também prepara um pacote ao Paquistão, país que ajudou o Taleban a chegar ao poder no Afeganistão.
O governo paquistanês chamou seus diplomatas de volta por avaliar que não há mais condições de segurança para que permaneçam no Afeganistão.
O Paquistão tem reforçado seus postos na fronteira com soldados e tanques. Há o temor de que, iniciada alguma operação militar dos EUA, haja retaliação do Taleban e de muçulmanos paquistaneses simpáticos ao regime extremista que controla o governo afegão.
O líder do Jamaat-e-Islami (um dos maiores partidos islâmicos do Paquistão), Qazi Husseim Ahmed, proclamou uma fatwa (decreto religioso muçulmano) a seus seguidores: dar início a uma guerra santa contra os Estados Unidos se tropas americanas pisarem em solo paquistanês.
A delegação americana que chegou ao Paquistão está discutindo como autoridades locais como operacionalizar a cooperação. Uma base aérea usada durante a Guerra Fria em Quetta, no oeste do Paquistão, estava para receber bombardeiros B-52.
Quetta fica perto da fronteira com o sudeste do Afeganistão, onde se concentra a cúpula religiosa do Taleban.
Soldados do Taleban estão sendo enviados a Cabul, pontos de fronteira e outras cidades importantes do Afeganistão.
A reação do Taleban ocorreu depois que a Aliança do Norte, grupo que reúne tribos contrárias ao regime de Cabul, disse ter conquistado territórios. O Taleban controla cerca de 90% do Afeganistão. Os rebeldes controlam o resto do país.
A Aliança do Norte tem se oferecido para ser uma espécie de força avançada em território afegão de uma operação militar capitaneada pelos Estados Unidos. Os EUA tem enviado soldados e equipamento para bases militares em países que têm fronteira com o Afeganistão.


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