São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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PORTO SEGURO

Rendimento menor não afasta investidores; simplicidade e benefício do Imposto de Renda são atrativos

Segurança supera lucros na poupança

SUZANA BARELLI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os depósitos na caderneta de poupança crescem todo final de ano, quase como uma tradição de Natal. As duas parcelas do 13º salário explicam os recursos extras na aplicação.
O juro -TR mais 6% ao ano- é menor que o dos fundos de renda fixa e DI, mas a caderneta está isenta da tributação do Imposto de Renda e não tem prazo mínimo de carência.
A simplicidade e a facilidade da movimentação do sistema -basta um depósito bancário ou uma transferência na conta corrente- estão entre os fatores que explicam a preferência pela caderneta nesta época do ano.
"O poupador sabe que pode sacar o dinheiro imediatamente se tiver algum tipo de gasto não previsto", afirma Roberto Derzie, superintendente nacional de Serviços e Captação da CEF (Caixa Econômica Federal), a entidade líder neste tipo de aplicação, com 20,8 milhões de contas. Se precisar dos recursos antes de 30 dias, o poupador fica sem a remuneração correspondente, mas não perde capital.
A expectativa neste final de ano é que os depósitos sigam a velha tradição. "O dinheiro nessa época migra sazonalmente para a poupança", afirma Décio Tenerelo, presidente do Comitê Executivo da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
No ano passado, segundo dados da Abecip, o saldo da poupança habitacional (incluindo depósitos, retiradas e rendimentos) subiu 1,42% em novembro, em comparação com o mês anterior. Em dezembro, o aumento foi de 2,19% em relação a novembro. E, em janeiro de 2002, quase como prova de que o consumidor brasileiro gasta mais nas festas de Natal e Ano Novo, o saldo teve queda de 0,31% em comparação com dezembro de 2001.

Novo governo
Neste ano, a poupança conta com um atrativo adicional: a troca de governo. Quem teme a trajetória ascendente da dívida pública federal -cujos títulos recheiam as carteiras dos fundos- por conta das altas dos juros e do dólar nos últimos meses tende a preferir a caderneta, que tem lastro em empréstimos habitacionais e cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Bem ou mal, a caderneta já rendeu 8,21% até o mês de novembro. "Dos investimentos financeiros, talvez a poupança seja o menos suscetível a qualquer ação ou calote", afirma o consultor Alexandre Póvoa. Mas ele observa que esse é um argumento mais simbólico do que técnico. "Na época do Plano Collor, o confisco não poupou nem mesmo os depósitos em caderneta", lembra.
Para garantir que os recursos do 13º salário tenham a caderneta com principal destino, os bancos planejam campanhas internas de convencimento em suas agências, incentivando o depósito com o argumento de que a poupança é a única aplicação que pode ser considerada um "porto seguro".
No Bradesco, por exemplo, a previsão é que o saldo cresça entre 1% e 1,5% em cada um dos últimos dois meses do ano. "Vamos colocar a nossa rede para trabalhar pelos recursos", afirma Tenerelo, que também é vice-presidente do Bradesco.
Na CEF, a expectativa é que a campanha de contas sorteadas, veiculada no primeiro semestre do ano e que distribuiu R$ 16 milhões em prêmios, tenha reflexos ainda no final de ano. "Os gerentes vão continuar o seu trabalho de incentivar novos depósitos", afirma Derzie.


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