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PORTO SEGURO
Rendimento menor não afasta investidores; simplicidade e benefício do Imposto de Renda são atrativos
Segurança supera lucros na poupança
SUZANA BARELLI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os depósitos na caderneta de
poupança crescem todo final de
ano, quase como uma tradição de
Natal. As duas parcelas do 13º salário explicam os recursos extras
na aplicação.
O juro -TR mais 6% ao ano-
é menor que o dos fundos de renda fixa e DI, mas a caderneta está
isenta da tributação do Imposto
de Renda e não tem prazo mínimo de carência.
A simplicidade e a facilidade da
movimentação do sistema -basta um depósito bancário ou uma
transferência na conta corrente-
estão entre os fatores que explicam a preferência pela caderneta
nesta época do ano.
"O poupador sabe que pode sacar o dinheiro imediatamente se
tiver algum tipo de gasto não previsto", afirma Roberto Derzie, superintendente nacional de Serviços e Captação da CEF (Caixa
Econômica Federal), a entidade
líder neste tipo de aplicação, com
20,8 milhões de contas. Se precisar dos recursos antes de 30 dias,
o poupador fica sem a remuneração correspondente, mas não perde capital.
A expectativa neste final de ano
é que os depósitos sigam a velha
tradição. "O dinheiro nessa época
migra sazonalmente para a poupança", afirma Décio Tenerelo,
presidente do Comitê Executivo
da Abecip (Associação Brasileira
das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
No ano passado, segundo dados
da Abecip, o saldo da poupança
habitacional (incluindo depósitos, retiradas e rendimentos) subiu 1,42% em novembro, em
comparação com o mês anterior.
Em dezembro, o aumento foi de
2,19% em relação a novembro. E,
em janeiro de 2002, quase como
prova de que o consumidor brasileiro gasta mais nas festas de Natal
e Ano Novo, o saldo teve queda de
0,31% em comparação com dezembro de 2001.
Novo governo
Neste ano, a poupança conta
com um atrativo adicional: a troca
de governo. Quem teme a trajetória ascendente da dívida pública
federal -cujos títulos recheiam
as carteiras dos fundos- por
conta das altas dos juros e do dólar nos últimos meses tende a preferir a caderneta, que tem lastro
em empréstimos habitacionais e
cobertura do Fundo Garantidor
de Créditos (FGC).
Bem ou mal, a caderneta já rendeu 8,21% até o mês de novembro. "Dos investimentos financeiros, talvez a poupança seja o menos suscetível a qualquer ação ou
calote", afirma o consultor Alexandre Póvoa. Mas ele observa
que esse é um argumento mais
simbólico do que técnico. "Na
época do Plano Collor, o confisco
não poupou nem mesmo os depósitos em caderneta", lembra.
Para garantir que os recursos do
13º salário tenham a caderneta
com principal destino, os bancos
planejam campanhas internas de
convencimento em suas agências,
incentivando o depósito com o
argumento de que a poupança é a
única aplicação que pode ser considerada um "porto seguro".
No Bradesco, por exemplo, a
previsão é que o saldo cresça entre
1% e 1,5% em cada um dos últimos dois meses do ano. "Vamos
colocar a nossa rede para trabalhar pelos recursos", afirma Tenerelo, que também é vice-presidente do Bradesco.
Na CEF, a expectativa é que a
campanha de contas sorteadas,
veiculada no primeiro semestre
do ano e que distribuiu R$ 16 milhões em prêmios, tenha reflexos
ainda no final de ano. "Os gerentes vão continuar o seu trabalho
de incentivar novos depósitos",
afirma Derzie.
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