São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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HOSPITAL DO CORAÇÃO

Pioneiro em transplantes volta seu olhar a pesquisas

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma administração estável e uma equipe comprometida com resultados de longo prazo. Essa é a "sorte" do Hospital do Coração, diz seu diretor-geral, Adib Jatene. O HCor ficou em segundo lugar na pesquisa Datafolha de melhores hospitais de São Paulo na área de cardiologia, com 31% da preferência.
O próprio ex-ministro da Saúde (1992 e 1995-1996) é exemplo disso, participando da instituição desde sua construção, em 1974. O engenheiro Antonio Carlos Kfouri é o superintendente do hospital da inauguração, em 1976, até hoje.
Privado, o HCor é uma entidade beneficente sem fins lucrativos e tem como provedora a Associação Sanatório Sírio, de mulheres da comunidade árabe paulistana. O objetivo filantrópico é oferecer atendimento cardiológico a criança carente.
Esse foco levou à excelência na área de cirurgia cardíaca pediátrica. A pediatria ocupa 11 leitos de um total de 43 na UTI. "São poucos os hospitais com capacidade de operar neonatos [crianças com até 28 dias]", explica Ieda Jatene, chefe do serviço de cardiopediatria. Seu pai, Adib Jatene, dá nome a uma técnica chamada "cirurgia de Jatene", que corrige no primeiro mês de vida anomalia congênita em que a artéria pulmonar e a aorta estão invertidas. São feitas até duas intervenções cirúrgicas em crianças por dia, das quais 85% são filantrópicas.
Referência em procedimentos de alta complexidade, o HCor é pioneiro em transplantes cardíacos, feitos desde 1985. Nesse ano, o diretor clínico do hospital, Luiz Carlos Bento de Souza, fez lá o primeiro transplante cardiopulmonar da América Latina. A instituição tem dez salas de cirurgia.
"Não trabalhamos com nada que não seja de ponta", afirma o cardiologista Ibraim Masciarelli, do serviço de Imagem e Diagnóstico, outro destaque do HCor. Diferentemente de muitos hospitais, há uma só equipe de diagnóstico por imagem (raio-X, ultra-sonografia, tomografia e outros), composta por radiologistas, cardiologistas e médicos nucleares. "Fazemos reuniões mensais para discutir qual o melhor exame para determinado problema. Isso elimina o viés do grupo", diz.
"Somos pioneiros absolutos no Brasil em áreas como tomografia das coronárias", afirma Eduardo de Sousa, diretor médico do HCor e pioneiro mundial na colocação de stents.
Após processo de quatro anos, no fim de 2006 veio o certificado de acreditação internacional dado pela Joint Commission International. "Fizemos grandes mudanças, revimos a estrutura hierárquica médica, a administração mudou procedimentos de 30 anos. Espero que sirva de exemplo", diz Pedro Mathiasi Neto, coordenador da Acreditação e vice-diretor médico do HCor.
O HCor também está montando o seu instituto de pesquisa, com médicos e enfermagem. "Hospitais particulares do país não têm essa tradição, como nos EUA, mas começam a entender que é fundamental", diz Sousa.0 (ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA)

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