São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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sociais

Modormias vão de chefs renomados na cozinha a alto padrão nos quartos

JULLIANE SILVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ninguém vai ao hospital porque quer, mas pode considerar menos ruim se estiver num "hospital cinco estrelas". Cardápio assinado por chef renomado, recital de música e sacada com vista ao jardim, entre outros, justificam tarifas de até R$ 2.500 por dia de internação.
"Tudo aquilo que é agradável favorece o quadro clínico do paciente", afirma Mário Alfredo di Marco, coordenador do Serviço de Atenção Psicossocial Integrada em Saúde da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Os hospitais buscam inspiração nos serviços prestados por hotéis e centros de saúde no exterior, diz Silvestre Braguini Filho, que coordena a pós-graduação em Gestão de Hospitalidade em Serviços de Saúde do Senac. "Hospitalidade na saúde tem quatro pilares: receber, hospedar, alimentar e entreter. É preciso oferecer soluções."
O alto padrão de hotelaria é visto na acomodação, que disponibiliza aos pacientes cofres, TV a cabo, DVD, internet. Há até heliporto com acesso privativo ao prédio. E funcionários dão duro no serviço de concierge. "Uma noiva foi internada, dias antes de se casar, com pedra na vesícula, e tinha de fazer a última prova do vestido. Arrumamos espelhos e trouxemos o costureiro", diz Andreza Nunes, coordenadora de hotelaria do Sírio-Libanês, que tem suíte dúplex por R$ 1.817 a diária.
No São Luiz, há banheira de hidromassagem, cromoterapia e aromaterapia, para estimular o parto natural. E a suíte presidencial (até R$ 2.500 a diária) é mobiliada sob encomenda.
Aos médicos, os hospitais oferecem lounges confortáveis e equipados para descanso, restaurantes com bufê variado e academia. "O bem-estar de quem atende está ligado ao bom tratamento dado ao paciente", diz o médico Di Marco.
Na gastronomia, nada de sopa sem sal. "Temos chef que trabalha com gastronomia francesa tradicional e dois cozinheiros especializados em gastronomia contemporânea", diz Nancy Miyahira, gerente de nutrição do Oswaldo Cruz, que já criou mais de 3.000 receitas.
No Sírio-Libanês, profissionais de uma rede de hotéis dirigem a cozinha. Um cardápio visto pela Folha previa baby beef em crosta de gergelim, medalhão de filé de frango ao curry e shiitake ao alho e ervas. E de sobremesa: musse de canela com figos assados, crème brulée e brownie de chocolate.
O luxo remete a preços estrelares, mas quem tem plano de saúde com cobertura plena (os do topo da lista de serviços) pode se animar. Os hospitais visitados dizem que o acesso a mimos é igual para paciente conveniado e da rede particular.

Hospital de cinema
Nos EUA, há mordomias, como ter um Picasso na parede e vista para as montanhas de Hollywood. Exemplos são o Cedars-Sinai, cujas salas de parto têm diárias de até US$ 1.850, e o John Hopkins, que oferece refeição gourmet, servida por funcionário vestido de garçom.


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