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sociais
Modormias vão de chefs renomados na cozinha a alto padrão nos quartos
JULLIANE SILVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ninguém vai ao hospital porque quer, mas pode considerar
menos ruim se estiver num
"hospital cinco estrelas". Cardápio assinado por chef renomado, recital de música e sacada com vista ao jardim, entre
outros, justificam tarifas de até
R$ 2.500 por dia de internação.
"Tudo aquilo que é agradável
favorece o quadro clínico do
paciente", afirma Mário Alfredo di Marco, coordenador do
Serviço de Atenção Psicossocial Integrada em Saúde da
Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo).
Os hospitais buscam inspiração nos serviços prestados por
hotéis e centros de saúde no exterior, diz Silvestre Braguini Filho, que coordena a pós-graduação em Gestão de Hospitalidade em Serviços de Saúde do
Senac. "Hospitalidade na saúde
tem quatro pilares: receber,
hospedar, alimentar e entreter.
É preciso oferecer soluções."
O alto padrão de hotelaria é
visto na acomodação, que disponibiliza aos pacientes cofres,
TV a cabo, DVD, internet. Há
até heliporto com acesso privativo ao prédio. E funcionários
dão duro no serviço de concierge. "Uma noiva foi internada,
dias antes de se casar, com pedra na vesícula, e tinha de fazer
a última prova do vestido. Arrumamos espelhos e trouxemos o
costureiro", diz Andreza Nunes, coordenadora de hotelaria
do Sírio-Libanês, que tem suíte
dúplex por R$ 1.817 a diária.
No São Luiz, há banheira de
hidromassagem, cromoterapia
e aromaterapia, para estimular
o parto natural. E a suíte presidencial (até R$ 2.500 a diária) é
mobiliada sob encomenda.
Aos médicos, os hospitais
oferecem lounges confortáveis
e equipados para descanso, restaurantes com bufê variado e
academia. "O bem-estar de
quem atende está ligado ao
bom tratamento dado ao paciente", diz o médico Di Marco.
Na gastronomia, nada de sopa sem sal. "Temos chef que
trabalha com gastronomia
francesa tradicional e dois cozinheiros especializados em gastronomia contemporânea", diz
Nancy Miyahira, gerente de
nutrição do Oswaldo Cruz, que
já criou mais de 3.000 receitas.
No Sírio-Libanês, profissionais de uma rede de hotéis dirigem a cozinha. Um cardápio
visto pela Folha previa baby
beef em crosta de gergelim,
medalhão de filé de frango ao
curry e shiitake ao alho e ervas.
E de sobremesa: musse de canela com figos assados, crème
brulée e brownie de chocolate.
O luxo remete a preços estrelares, mas quem tem plano de
saúde com cobertura plena (os
do topo da lista de serviços) pode se animar. Os hospitais visitados dizem que o acesso a mimos é igual para paciente conveniado e da rede particular.
Hospital de cinema
Nos EUA, há mordomias, como ter um Picasso na parede e
vista para as montanhas de
Hollywood. Exemplos são o Cedars-Sinai, cujas salas de parto
têm diárias de até US$ 1.850, e o
John Hopkins, que oferece refeição gourmet, servida por
funcionário vestido de garçom.
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