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ENTREVISTA
RENATO JANINE RIBEIRO
Avaliação valoriza livros e solidariedade
Diretor de avaliação da Capes fala de mudanças na prova de fogo da pós-graduação e sobre o impacto social como indicador de excelência
Desde 2004 como diretor de avaliação da Capes, Renato Janine Ribeiro falou à Folha sobre as novidades
da última edição, focada em valorizar a publicação
da produção científica em livros e o empenho dos
programas em formar mestres e doutores.
FOLHA - Quais foram as principais
mudanças na avaliação do triênio
2004-2006?
RENATO JANINE RIBEIRO - Livros
passaram a ser considerados
produção acadêmica importante nas áreas que os consideram relevantes -quase metade
das 45. Ampliamos a qualidade
eliminando periódicos inexistentes e fundindo os que apareciam com nomes diferentes.
FOLHA - As universidades dizem
que esta edição da avaliação foi
bem mais rigorosa. Por quê?
RIBEIRO - Toda avaliação tem de
ser mais rigorosa que a anterior, pela simples razão de que
aumenta a produção científica
do país e deve-se exigir mais.
Com transparência é mais fácil
uma área ler e conferir o que a
outra faz. Sem recuarmos na
exigência de produção científica de qualidade, passamos a
considerar relevante, em especial para cursos de nota máxima, a formação de bons mestres e doutores. Não avaliamos
grupos de pesquisa. Avaliamos
grupos de pesquisa que formam mestres e doutores.
FOLHA - Há alguma novidade com
relação ao Qualis?
RIBEIRO - Criamos a avaliação
de livros e eliminamos a "sujeira" do Qualis de periódicos:
mais de 10 mil revistas que se
repetiam ou não tinham ISSN
[sistema de identificação de
publicações]. Criamos um Qualis de produção artística e planejamos criar um de patentes e
inovação tecnológica. Estamos
respeitando e considerando
produções que não são só as de
ciências exatas e as de ciências
biológicas.
FOLHA - Qual é o principal entrave
à internacionalização dos programas?
RIBEIRO - A internacionalização
é mais bem realizada nas áreas
que publicam em periódicos internacionais em inglês. Nas
áreas de humanas é mais difícil,
porque não se publica tanto em
periódicos, e sim em livros, não
há uma língua de referência como o inglês. Os textos são mais
elaborados, por isso a fluência
em língua estrangeira ou a boa
tradução é mais difícil.
FOLHA - Uma regra que ganhou
peso na avaliação foi a inserção/impacto social dos programas. Cresceu
o número de projetos em comunidades ou de colaboração para a criação de novos cursos de pós?
RIBEIRO - Projetos que chamamos de solidariedade serão
condição, no futuro, para um
curso chegar a seis ou sete. Precisamos ainda definir como vai
ser medida a solidariedade.
FOLHA - Quanto tempo demora,
em média, para o conceito dado a
cursos novos aumentar?
RIBEIRO - Muitas áreas adotaram como prática iniciar com a
nota três e subir um ponto a cada avaliação. Mas cada curso
deve receber a nota que merece. Em 2008 vamos trocar o
acompanhamento continuado
por um esquema proativo de visitas. Todos cuja nota caiu serão visitados. Queremos ver o
que os está impedindo de crescer. Serão de 600 a 800 visitas.
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