São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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CIÊNCIAS HUMANAS

Bolsas são restritas nos cursos com avaliação razoável

Com dificuldade de exigir dedicação integral de discentes, eles incentivam os alunos a participar de congressos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ao cumprir minimamente as exigências de qualidade da avaliação, instituições enfrentam um problema além da nota regular: dificuldade para ter financiamento à pesquisa.
É o que acontece com psicologia e educação, que têm amplo espectro de programas. "Investimento insuficiente repercute nas condições de funcionamento, sobretudo dos públicos", argumenta Oswaldo Yamamoto, ex-representante da área de psicologia na Capes.
De acordo com Yamamoto, a quantidade restrita de bolsas faz com que os alunos não possam se dedicar integralmente a atividades de pesquisa e ensino.
"A maior parte dos nossos alunos não tem bolsas e trabalha, logo não podemos exigir que o mestrado seja defendido em dois anos sem prejuízo do aprofundamento", assinala Ana Maria Cavaliere, coordenadora da pós em educação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Nesse programa, o número de bolsas foi reduzido ao ser rebaixado ao conceito três, em 2004, e a redução do prazo de titulação é uma das recomendações feitas a ele pela Capes.
Diante da impossibilitada dedicação integral, pesquisadores aliam atividades profissionais à produção científica. Foi o que fez Juçara Bedim, 55, que seguiu dando aulas enquanto fazia doutorado na UFRJ.
"Nossos pesquisadores atuam em escolas e programas educacionais, além de se dedicarem à pesquisa científica", explica Robert Evan Verhine, representante da área.
O curso de pós-graduação em educação na UFRJ existe desde 1980, mas a instituição viu seu conceito ser diminuído a regular na avaliação trienal de 2004.
"Tínhamos diversas áreas de concentração, o programa estava desorganizado e não seguia as orientações da Capes", justifica a coordenadora Cavaliere.
Sua nota não foi elevada, mas ela conta que as medidas melhoraram resultados. "Os primeiros anos do triênio apresentam resultados da fase da crise institucional por que passamos, com muitos professores afastados por aposentadoria."

Ida a congressos
Outras faculdades tradicionais, como a UEL (Universidade Estadual de Londrina), também refletem em seu conceito a recente adequação do programa aos critérios da Capes.
Cientes da relevância da participação de alunos em congressos, departamentos de instituições públicas designam parte de seu orçamento a isso, para ajudá-los "a participar de eventos onde apresentarão seus projetos", conforme afirma Sueli Rufini Guimarães, coordenadora do programa de pós em educação pela UEL.
O quadro se repete em boa parte das universidades públicas. "Há verba para transporte, além de cota de diárias para congressos", explica Elisa Massena, doutoranda pela UFRJ.
Mesmo com os esforços, o professor Yamamoto alerta: "O financiamento não acompanha o crescimento do sistema". Com 60% dos programas de educação e 69% dos de psicologia em instituições públicas, a dotação orçamentária está aquém do cenário desejado até 2010, que vislumbrava dobrar o número de doutores formados nesse qüinqüênio. (CC)


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