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NÃO É BRINCADEIRA
Tecnológicos crescem 900% desde 2000
Especialistas afirmam que aumento dificulta fiscalização; é preciso ficar atento à qualidade
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nos últimos sete anos, o Ministério da Educação autorizou
o funcionamento de 3.784 cursos tecnológicos -eles eram
364 em 2000, o que representa
um crescimento de mais de
900% no setor.
Além de permitirem uma
formação mais rápida (de 1.600
a 2.400 horas; ciências da computação na USP, por exemplo,
tem cerca de 4.000 horas), as
graduações tecnológicas custam menos para as instituições
de ensino, o que também torna
as mensalidades mais baratas.
Isso ocorre porque as escolas
que oferecem graduações curtas não precisam cumprir uma
série de exigências cobradas
das tradicionais -como investimento em pesquisa e cotas de
docentes mestres ou doutores.
De acordo com o secretário
de educação profissional e tecnológica do MEC, Eliezer Pacheco, os cursos tecnológicos
"buscam atender a uma demanda do processo de desenvolvimento do país de forma
mais rápida e eficaz".
"Por que o indivíduo vai ficar
quatro ou cinco anos estudando uma série de disciplinas correlatas à engenharia, se eu posso, em três anos, torná-lo um
excelente tecnólogo em engenharia de comunicações?",
questiona o secretário. Ainda
segundo Pacheco, profissionais
formados em graduações tecnológicas têm grande aceitação
no mercado por possuírem conhecimento específico.
Já para o professor de política educacional da USP Romualdo Portela de Oliveira,
ainda que o sistema de graduações mais curtas e baratas possa ser uma solução para o aumento da demanda por cursos
superiores, seu crescimento
deve ser observado com atenção pelas autoridades.
"Os processos de expansão,
em geral, pressionam fortemente a qualidade, principalmente quando se faz a expansão sem ampliar o gasto, o que é
um pouco o que nós [o país] fomos forçados a fazer." Segundo
o professor, a tendência é que, a
longo prazo, tanto o mercado
quanto os órgãos de fiscalização acabem por forçar as instituições a encontrarem um nível satisfatório de qualidade.
Nos dois lados
Antes mesmo de se formar
em biologia pela Unicamp, o estudante Vinícius Martini Capovilla, 23, já estava de olho numa
nova formação: a gastronomia.
Atualmente no terceiro semestre de um curso tecnológico, ele diz notar alguma diferença entre os dois modelos de
ensino: na biologia era tudo
mais focado em pesquisa. Agora, na gastronomia do Senac, o
foco é o mercado de trabalho.
Diferenças à parte, Capovilla
acaba unindo o aprendizado
das duas áreas. "Destrinchar
um corte de carne é mais fácil
porque eu tenho conhecimento
da anatomia de animais."
(LUCIENE ANTUNES e TOMÁS CHIAVERINI)
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