São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

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NÃO É BRINCADEIRA

Tecnológicos crescem 900% desde 2000

Especialistas afirmam que aumento dificulta fiscalização; é preciso ficar atento à qualidade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nos últimos sete anos, o Ministério da Educação autorizou o funcionamento de 3.784 cursos tecnológicos -eles eram 364 em 2000, o que representa um crescimento de mais de 900% no setor.
Além de permitirem uma formação mais rápida (de 1.600 a 2.400 horas; ciências da computação na USP, por exemplo, tem cerca de 4.000 horas), as graduações tecnológicas custam menos para as instituições de ensino, o que também torna as mensalidades mais baratas.
Isso ocorre porque as escolas que oferecem graduações curtas não precisam cumprir uma série de exigências cobradas das tradicionais -como investimento em pesquisa e cotas de docentes mestres ou doutores.
De acordo com o secretário de educação profissional e tecnológica do MEC, Eliezer Pacheco, os cursos tecnológicos "buscam atender a uma demanda do processo de desenvolvimento do país de forma mais rápida e eficaz".
"Por que o indivíduo vai ficar quatro ou cinco anos estudando uma série de disciplinas correlatas à engenharia, se eu posso, em três anos, torná-lo um excelente tecnólogo em engenharia de comunicações?", questiona o secretário. Ainda segundo Pacheco, profissionais formados em graduações tecnológicas têm grande aceitação no mercado por possuírem conhecimento específico.
Já para o professor de política educacional da USP Romualdo Portela de Oliveira, ainda que o sistema de graduações mais curtas e baratas possa ser uma solução para o aumento da demanda por cursos superiores, seu crescimento deve ser observado com atenção pelas autoridades.
"Os processos de expansão, em geral, pressionam fortemente a qualidade, principalmente quando se faz a expansão sem ampliar o gasto, o que é um pouco o que nós [o país] fomos forçados a fazer." Segundo o professor, a tendência é que, a longo prazo, tanto o mercado quanto os órgãos de fiscalização acabem por forçar as instituições a encontrarem um nível satisfatório de qualidade.

Nos dois lados
Antes mesmo de se formar em biologia pela Unicamp, o estudante Vinícius Martini Capovilla, 23, já estava de olho numa nova formação: a gastronomia.
Atualmente no terceiro semestre de um curso tecnológico, ele diz notar alguma diferença entre os dois modelos de ensino: na biologia era tudo mais focado em pesquisa. Agora, na gastronomia do Senac, o foco é o mercado de trabalho.
Diferenças à parte, Capovilla acaba unindo o aprendizado das duas áreas. "Destrinchar um corte de carne é mais fácil porque eu tenho conhecimento da anatomia de animais." (LUCIENE ANTUNES e TOMÁS CHIAVERINI)

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