|
Texto Anterior | Índice
NOVAS REGRAS
Perda de tempo na TV diminui interesse por siglas pequenas
Verticalização deve reduzir troca-troca partidário
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A rotina de deputados e senadores trocando de partido deve ser
dificultada por causa da verticalização e das novas regras que devem vigorar na eleição de 2006.
O próximo Congresso já terá sido eleito sob a égide da verticalização. Além disso, terá de se preparar para as novas regras da eleição seguinte, que devem dificultar
ainda mais a existência de pequenas agremiações.
A verticalização foi imposta
neste ano pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Pela regra, os
partidos adversários na eleição
presidencial não podem se coligar
nos Estados. Quando o partido
não tem candidato ao Planalto,
pode se coligar com quem bem
entender nas eleições estaduais.
Na legislatura atual, a festa de
troca partidária foi a mesma de
anos anteriores. O PFL elegeu 105
deputados em 1998 e tem 97 hoje.
O PDT conquistou 25 vagas nas
urnas e sua bancada caiu para 16.
A responsabilidade pela migração partidária é, em parte, das siglas pequenas. PSD, PMN, PSC,
Prona e PV elegeram nove deputados em 1998. Hoje, não têm
mais nenhum.
A lógica dos pequenos partidos
e de alguns médios é fazer acertos
com base no escambo do tempo
na TV. Entregam os poucos segundos que têm no horário eleitoral e recebem em troca uma vaga
valiosa numa coligação que terá
muitos votos. Assim, sempre elegem um ou dois parlamentares.
Com a verticalização, ficou mais
difícil para as essas siglas oferecerem o tempo de TV para candidatos à Presidência. Se fazem isso, ficam obrigadas a se coligarem da
mesma forma nos Estados.
É possível ainda não fazer a coligação federal e acertar apenas
apoios diversificados nos Estados.
Essa foi a saída generalizada nesta
eleição. Mas não é a solução ideal.
Ao abdicar da coligação federal,
o partido terá menos espaço num
futuro governo. Mesmo que consiga eleger um ou dois parlamentares, terá muito pouco a negociar
mais adiante, pois as regras da
eleição de 2006 serão mais rígidas.
Regras
Só terá direito a amplo espaço
na propaganda de TV e ao Fundo
Partidário (o dinheiro que os partidos recebem anualmente dos
cofres públicos) os partidos que
conseguirem, pelo menos, 5% dos
votos para deputado federal em
todo o país. Será necessário ainda
que na votação de 6 de outubro a
sigla consiga pelo menos 2% dos
votos para deputado federal em
nove unidades da Federação.
Em 98, só sete partidos conseguiram essa marca. Quem não
atingir esse desempenho terá seu
tempo reduzido a dois minutos
por semestre na TV. A tendência
será as siglas menores terem seus
espaços reduzidos no Congresso.
Dessa forma, os partidos tradicionais crescerão em número de
parlamentares e, possivelmente, a
troca de siglas pode ser reduzida.
Não porque deputados e senadores se tornem mais fiéis ideologicamente. Apenas por uma questão de sobrevivência eleitoral.
Texto Anterior: Atividade Legislativa: Confira a atuação de cada parlamentar Índice
|