São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUA 94 Minutos de fama
Se a campanha do tetracampeonato em 94 não empolgou durante os sete jogos, os 16 minutos finais da prorrogação contra a Itália incendiaram a torcida brasileira no Rose Bowl. Não apenas pelo simples fato de serem os últimos antes das cobranças de pênaltis que fizeram do Brasil o único país tetracampeão do mundo, mas devido a uma feliz substituição. No segundo tempo da prorrogação, o técnico Carlos Alberto Parreira optou por uma alteração até então inédita na Copa dos EUA. Um atacante de estilo malandro e com fama de predestinado acabou entrando no lugar do meia Zinho após uma espera de mais de 630 minutos sentado no banco de reservas. Até aquele instante, a seleção brasileira havia proporcionado poucos momentos de vibração. O desempate no final da partida contra a Holanda, nas quartas-de-final, certamente pode ser considerado um desses lampejos. Fora isso, o atacante Romário se encarregava de ser a réstia de luz de um time bem armado e impulsionado pela eficiente marcação de Dunga e Mauro Silva no meio. Parreira chegou a testar Paulo Sérgio e Muller no ataque no decorrer da Copa, mas não se atrevia a mexer na dupla Romário e Bebeto. No entanto o comportamento ofensivo da seleção só mudou -pelo menos às vistas do torcedor- quando um terceiro atacante pisou o gramado. Ao ser convocado, o substituto de Zinho na decisão já alardeava que, em um sonho que tivera, seria ele o autor do gol do título da seleção brasileira na final da Copa. Quando teve a chance de entrar, logo pediu a bola e encarou os italianos. Passou por dois, adiantou demais, mas, de carrinho, tentou dar sequência ao lance. Era uma amostra da gana que o movia e a esperança de ser, como ocorrera certa vez no clube que o revelara, o "predestinado". E assim foi durante o pouco tempo em que pôde correr. Buscou jogo no meio-campo, passou, pediu a bola, bateu no peito chamando a responsabilidade e ainda chutou duas vezes a gol. Nessa sua breve aparição, acabou por deixar o grito de gol preso na garganta do torcedor. Durante exatos 11 segundos, avançou até a área adversária, driblou seis e serviu a Romário, que disparou sem sucesso contra a zaga. Poderia ter sido a realização do sonho caso tivesse tentado o arremate, mas foi solidário. Aos 16 minutos da segunda etapa da prorrogação, quando o húngaro Sandor Puhl fez soar o apito final, a empolgação do estreante não cessava. Na disputa de pênaltis, manteve-se de joelhos e, um a um, abraçou os escalados por Parreira para as cobranças. Consumada a vitória por 3 a 2, o jogador buscou uma bandeira brasileira e puxou a volta olímpica no estádio de Pasadena, em Los Angeles. Em sua primeira entrevista, ainda no gramado, extravasou: "Foram os melhores minutos da minha carreira. Estava louco para fazer o gol". O sonho de Viola não se concretizou. Não foi ele o predestinado autor do gol da vitória. Mas o jogador pode dizer que, em 16 minutos, mereceu colocar no peito a faixa de campeão do mundo. Texto Anterior: Itália 90: Cai o mito da 10 Próximo Texto: França 98: Erros médicos Índice |
|