São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2008

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Falta de luz aumenta sensação de insegurança

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A sensação de insegurança detectada nos distritos de São Paulo não é promovida apenas pela violência propriamente dita ou pela pouca quantidade de policiais nas ruas: a falta de iluminação também contribui para que as pessoas sintam medo de andar por seus bairros após escurecer.
"Realmente, o bairro aqui é complicado. A iluminação deixa muito a desejar. Você anda por aqui e na esquina pode dar de cara com alguém mal-intencionado e só perceber quando já for tarde", diz o representante comercial Sérgio Manna, 64, morador do Jaçanã.
No distrito, 26% disseram que se sentem muito inseguros ao andar na rua à noite após escurecer e 11% reclamam da iluminação -segundo maior problema apontado pelos moradores na pesquisa do Datafolha, atrás apenas da conservação e asfaltamento das ruas (18%).
"Percepção de insegurança também é formada pelo meio onde as pessoas circulam", afirma o representante regional do Unodc (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), Giovanni Quaglia.
"Aumentar a iluminação é uma das formas de diminuir essa percepção. Assim como melhorar condições para que as pessoas possam estar em uma praça com segurança. Hoje, as pessoas estão na rua correndo, sempre com medo", ressalta.
A sensação de insegurança também é grande em outros distritos em que a iluminação pública liderou as reclamações.
Na Brasilândia, 28% reclamam de insegurança e 19% dizem que a iluminação pública é o pior problema do bairro. Na Freguesia do Ó, 20% se dizem muito inseguros e 23% reclamam da energia elétrica. Na Casa Verde, 21% se sentem muito inseguros e 20% criticam a iluminação das ruas.
Os três distritos ficam na região noroeste, que foi a campeã da cidade em reclamações sobre a iluminação pública, com quase 15% de queixas.
Segundo o Ilume (Departamento de Iluminação Pública), órgão da Prefeitura de São Paulo, a região ainda possui algumas lâmpadas de mercúrio, que são mais antigas, mas o maior problema no local são os furtos de cabos de cobre da rede elétrica. A região é a segunda colocada nesse tipo de furto na cidade, de acordo com o Ilume.

Medo da delegacia
O representante comercial Sérgio Manna já foi assaltado duas vezes. Em uma terceira, teve o carro roubado. Fazer boletim de ocorrência na delegacia do Jaçanã é desanimador, afirma ele.
"Na rua da delegacia a iluminação é uma beleza", ironiza. "Já não era maravilhosa antes, mas fizeram uma troca de lâmpadas para economizar energia e ficou pior", explica.
Atrás da delegacia citada pelo morador fica uma praça, que é o lugar do distrito onde há mais furtos de carro, segundo o vice-presidente do Conseg (Conselho de Segurança) local, Odair de Oliveira.
Na rua da praça fica também um comando da Polícia Militar e um hospital. "As pessoas trazem alguém para socorrer no hospital e deixam o carro aqui. Quando voltam, não encontram mais", conta.
O Jaçanã também sofre com a falta de carros policiais. De acordo com Oliveira, são apenas oito para atender uma população de 96.500 moradores, segundo estimativa populacional da Secretaria Municipal de Planejamento. (TB)


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