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Falta de luz aumenta sensação de insegurança
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A sensação de insegurança
detectada nos distritos de São
Paulo não é promovida apenas
pela violência propriamente dita ou pela pouca quantidade de
policiais nas ruas: a falta de iluminação também contribui para que as pessoas sintam medo
de andar por seus bairros após
escurecer.
"Realmente, o bairro aqui é
complicado. A iluminação deixa muito a desejar. Você anda
por aqui e na esquina pode dar
de cara com alguém mal-intencionado e só perceber quando
já for tarde", diz o representante comercial Sérgio Manna, 64,
morador do Jaçanã.
No distrito, 26% disseram
que se sentem muito inseguros
ao andar na rua à noite após escurecer e 11% reclamam da iluminação -segundo maior problema apontado pelos moradores na pesquisa do Datafolha,
atrás apenas da conservação e
asfaltamento das ruas (18%).
"Percepção de insegurança
também é formada pelo meio
onde as pessoas circulam", afirma o representante regional do
Unodc (Escritório das Nações
Unidas sobre Drogas e Crime),
Giovanni Quaglia.
"Aumentar a iluminação é
uma das formas de diminuir essa percepção. Assim como melhorar condições para que as
pessoas possam estar em uma
praça com segurança. Hoje, as
pessoas estão na rua correndo,
sempre com medo", ressalta.
A sensação de insegurança
também é grande em outros
distritos em que a iluminação
pública liderou as reclamações.
Na Brasilândia, 28% reclamam de insegurança e 19% dizem que a iluminação pública é
o pior problema do bairro. Na
Freguesia do Ó, 20% se dizem
muito inseguros e 23% reclamam da energia elétrica. Na
Casa Verde, 21% se sentem
muito inseguros e 20% criticam a iluminação das ruas.
Os três distritos ficam na região noroeste, que foi a campeã
da cidade em reclamações sobre a iluminação pública, com
quase 15% de queixas.
Segundo o Ilume (Departamento de Iluminação Pública),
órgão da Prefeitura de São Paulo, a região ainda possui algumas lâmpadas de mercúrio,
que são mais antigas, mas o
maior problema no local são os
furtos de cabos de cobre da rede elétrica. A região é a segunda
colocada nesse tipo de furto na
cidade, de acordo com o Ilume.
Medo da delegacia
O representante comercial
Sérgio Manna já foi assaltado
duas vezes. Em uma terceira,
teve o carro roubado. Fazer boletim de ocorrência na delegacia do Jaçanã é desanimador,
afirma ele.
"Na rua da delegacia a iluminação é uma beleza", ironiza.
"Já não era maravilhosa antes,
mas fizeram uma troca de lâmpadas para economizar energia
e ficou pior", explica.
Atrás da delegacia citada pelo
morador fica uma praça, que é
o lugar do distrito onde há mais
furtos de carro, segundo o vice-presidente do Conseg (Conselho de Segurança) local, Odair
de Oliveira.
Na rua da praça fica também
um comando da Polícia Militar
e um hospital. "As pessoas trazem alguém para socorrer no
hospital e deixam o carro aqui.
Quando voltam, não encontram mais", conta.
O Jaçanã também sofre com
a falta de carros policiais. De
acordo com Oliveira, são apenas oito para atender uma população de 96.500 moradores,
segundo estimativa populacional da Secretaria Municipal de
Planejamento.
(TB)
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