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AGENDA CHEIA
Palmares se orgulha de linha dura e aprovação sem cursinho
DA REPORTAGEM LOCAL
"É um orgulho o desempenho
dos alunos na seleção dos vestibulares. 85% deles garantem vagas
nas faculdades apenas com o colégio." O aviso escrito na primeira
página do site do colégio Palmares não esconde a importância
que a escola dá ao vestibular.
Desde o segundo ano do ensino
médio, os alunos são convocados
para provas que simulam os principais vestibulares. Há pelo menos um simulado por bimestre.
O resultado está nas estatísticas
da própria escola: no ano passado, 26% dos alunos do terceiro
ano do ensino médio entraram
diretamente na USP. No total,
30% deles ingressaram em universidades públicas paulistas.
"Aqui ninguém faz cursinho",
diz Zilda Toscano, coordenadora-geral e fundadora da escola.
O Palmares foi criado há 30
anos e mantém estrutura e número de alunos reduzidos. Os três
anos de ensino médio somam hoje 361 alunos. "Fazemos muitas
revisões. O terceiro ano do ensino
médio revisa todo o conteúdo de
todas as matérias do ciclo. Quando chegam na metade do ano, os
alunos já reviram tanta coisa que
se sentem muito seguros para o
vestibular", conta.
Mensalidades altas
Esse resultado tem o custo de
um colégio de elite. As mensalidades do Palmares estão entre as
mais altas de São Paulo: nos três
anos do ensino médio, variam de
R$ 1.454 a mais de R$ 1.520.
As famílias que investem a educação dos filhos no Palmares são
formadas, em grande parte, por
ex-alunos, muitos deles profissionais liberais. Mas não basta querer para se matricular no Palmares: o aluno precisa passar por
provas de matemática e português para avaliação de seu desempenho em relação às exigências da
escola. Em 2005, a concorrência
média do Palmares foi de três
candidatos por vaga no colégio.
Linha-dura, a escola conquista
os jovens ao dosar as exigências
de estudo e de comportamento
com equipamentos e condutas
pouco usuais em colégios tradicionais de São Paulo.
Na área de esporte, há opções
como judô, capoeira e caratê. No
pátio da escola, há mesas de pingue-pongue, xadrez e pebolim e
até uma cama elástica. As aulas de
teatro são apenas para quem tiver
boas notas no período.
A demanda de estudo aliada à
ênfase em atividades pouco ortodoxas desenvolve alunos de perfis
curiosos. Uma estudante da escola que toca guitarra em uma banda de rock de garotas do Palmares
é a campeã da olimpíada de matemática da escola.
"Sem disciplina não há produtividade. E nós trabalhamos com
estímulos, carinho e reforço positivo para manter a auto-estima do
aluno", explica a coordenadora.
Ela diz que, "após ter trabalhado
em escolas modernosas", não
acredita no conceito liberal de autonomia progressiva (que atribui
ao aluno responsabilidade pelo
atendimento às aulas).
Exigente, o colégio, segundo ela,
não enfrenta problemas disciplinares dos alunos. "Indisciplina é
coisa de quem está com falta do
que fazer. E aqui todo mundo está
sempre muito ocupado, e com
coisas boas, o que faz com que
eles se sintam úteis."
Zilda Toscano se refere ao DAS
(Departamento de Ação Social),
menina-dos-olhos do Palmares.
O órgão estimula a participação
de alunos em atividades voluntárias, como visitas a asilos de idosos e à Pastoral da Criança.
Livros
A leitura é outro ponto forte da
escola. "Leitura é sagrada nesta
escola. Quem não lê não fala bem,
não escreve bem nem pensa
bem", decreta.
Os alunos do Palmares lêem, em
média, quatro livros por bimestre,
e a escola diz fazer malabarismo
para aplicar tanto os livros da lista
dos vestibulares de universidades
públicas quanto clássicos da literatura brasileira que ficam fora
das exigências da Fuvest.
"Temos a nossa própria lista de
leituras obrigatórias que têm a ver
com crítica social, com política e
com engajamento. Preciso de alunos engajados com o mundo",
afirma a coordenadora.
Na biblioteca da escola, diariamente são colocados em um mural artigos e reportagens de jornais e revistas nacionais e internacionais. Atualidades também são
objeto de discussão em classe.
"No final do ensino médio, os
estudantes têm a sensação de dever cumprido. E vão tranqüilos
para o vestibular."
(FM)
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