São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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Palmares se orgulha de linha dura e aprovação sem cursinho

DA REPORTAGEM LOCAL

"É um orgulho o desempenho dos alunos na seleção dos vestibulares. 85% deles garantem vagas nas faculdades apenas com o colégio." O aviso escrito na primeira página do site do colégio Palmares não esconde a importância que a escola dá ao vestibular.
Desde o segundo ano do ensino médio, os alunos são convocados para provas que simulam os principais vestibulares. Há pelo menos um simulado por bimestre.
O resultado está nas estatísticas da própria escola: no ano passado, 26% dos alunos do terceiro ano do ensino médio entraram diretamente na USP. No total, 30% deles ingressaram em universidades públicas paulistas.
"Aqui ninguém faz cursinho", diz Zilda Toscano, coordenadora-geral e fundadora da escola.
O Palmares foi criado há 30 anos e mantém estrutura e número de alunos reduzidos. Os três anos de ensino médio somam hoje 361 alunos. "Fazemos muitas revisões. O terceiro ano do ensino médio revisa todo o conteúdo de todas as matérias do ciclo. Quando chegam na metade do ano, os alunos já reviram tanta coisa que se sentem muito seguros para o vestibular", conta.

Mensalidades altas
Esse resultado tem o custo de um colégio de elite. As mensalidades do Palmares estão entre as mais altas de São Paulo: nos três anos do ensino médio, variam de R$ 1.454 a mais de R$ 1.520.
As famílias que investem a educação dos filhos no Palmares são formadas, em grande parte, por ex-alunos, muitos deles profissionais liberais. Mas não basta querer para se matricular no Palmares: o aluno precisa passar por provas de matemática e português para avaliação de seu desempenho em relação às exigências da escola. Em 2005, a concorrência média do Palmares foi de três candidatos por vaga no colégio.
Linha-dura, a escola conquista os jovens ao dosar as exigências de estudo e de comportamento com equipamentos e condutas pouco usuais em colégios tradicionais de São Paulo.
Na área de esporte, há opções como judô, capoeira e caratê. No pátio da escola, há mesas de pingue-pongue, xadrez e pebolim e até uma cama elástica. As aulas de teatro são apenas para quem tiver boas notas no período.
A demanda de estudo aliada à ênfase em atividades pouco ortodoxas desenvolve alunos de perfis curiosos. Uma estudante da escola que toca guitarra em uma banda de rock de garotas do Palmares é a campeã da olimpíada de matemática da escola.
"Sem disciplina não há produtividade. E nós trabalhamos com estímulos, carinho e reforço positivo para manter a auto-estima do aluno", explica a coordenadora. Ela diz que, "após ter trabalhado em escolas modernosas", não acredita no conceito liberal de autonomia progressiva (que atribui ao aluno responsabilidade pelo atendimento às aulas).
Exigente, o colégio, segundo ela, não enfrenta problemas disciplinares dos alunos. "Indisciplina é coisa de quem está com falta do que fazer. E aqui todo mundo está sempre muito ocupado, e com coisas boas, o que faz com que eles se sintam úteis."
Zilda Toscano se refere ao DAS (Departamento de Ação Social), menina-dos-olhos do Palmares. O órgão estimula a participação de alunos em atividades voluntárias, como visitas a asilos de idosos e à Pastoral da Criança.

Livros
A leitura é outro ponto forte da escola. "Leitura é sagrada nesta escola. Quem não lê não fala bem, não escreve bem nem pensa bem", decreta.
Os alunos do Palmares lêem, em média, quatro livros por bimestre, e a escola diz fazer malabarismo para aplicar tanto os livros da lista dos vestibulares de universidades públicas quanto clássicos da literatura brasileira que ficam fora das exigências da Fuvest.
"Temos a nossa própria lista de leituras obrigatórias que têm a ver com crítica social, com política e com engajamento. Preciso de alunos engajados com o mundo", afirma a coordenadora.
Na biblioteca da escola, diariamente são colocados em um mural artigos e reportagens de jornais e revistas nacionais e internacionais. Atualidades também são objeto de discussão em classe.
"No final do ensino médio, os estudantes têm a sensação de dever cumprido. E vão tranqüilos para o vestibular." (FM)


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