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TOP ESTADUAL
Escolas técnicas mantêm a estrutura de ponta com doações
DA REPORTAGEM LOCAL
A verba destinada às duas escolas estaduais com melhor performance na pesquisa Datafolha soma R$ 6.300/mês. O valor, insuficiente para seis mensalidades de
um bom colégio privado paulistano, deveria bastar para os mais de
5.000 alunos da Escola Técnica
Estadual de São Paulo (ETE-SP) e
da Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas (ETE-GV). Não basta.
"O que recebemos não dá para
manter a escola por três dias", diz
o diretor da ETE-SP, Carlos Augusto de Maio. A verba é repassada pelo mantenedor, Centro Paula Souza, ligado à Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia. A
folha de pagamento é à parte.
A ETE-SP, que recebe R$ 2.300
por mês, funciona dentro do campus da Fatec, na avenida Tiradentes. Um dos três prédios foi projetado por Ramos de Azevedo.
Na ETE-SP, 572 dos 2.208 alunos cursam o ensino médio. Entre
as dez modalidades técnicas estão
telecomunicações e turismo.
O montante da Getúlio Vargas,
R$ 4.000, dá R$ 1,25 por aluno. A
escola, no Ipiranga, abriga 3.191
pessoas, no ensino médio e nos
dez cursos técnicos, como design
de interior, eletrônica e nutrição.
O apoio dos pais
Para sustentar a boa estrutura,
as escolas contam com apoio das
APMs (Associações de Pais e
Mestres), que arrecadam fundos.
As APMs têm quadro próprio
de funcionários, fornecem material e fazem reformas nos prédios.
A verba ajuda até a montar caros
laboratórios especializados.
Na ETE-SP, a sala onde a entidade fez melhoria tem pintada na
parede a inscrição "APM". Como
em todas as salas há TV, vídeo e
retroprojetor doados por ela, as
três letras estão em todo lugar. Os
mais de 60 computadores também são bancados pela entidade.
Na matrícula, a APM explica
aos pais a importância das doações. São feitos carnês e cada um
paga o quanto pode. A APM da
ETE-SP levanta R$ 200 mil por
ano. Segundo Maria de Fátima de
Melo de Lima, presidente da entidade, 60% dos pais participam
neste ano com até R$ 400 anuais.
O perfil da família de Maria de
Fátima, 49, corresponde ao da
maioria que procura a escola. Moradora da zona norte (45% é dessa
região), a filha, no terceiro ano do
médio, é egressa da escola particular, como 71% dos alunos.
Na última prova de ingresso,
disputaram 160 vagas no 1º ano
do ensino médio da ETE-SP 2.059
inscritos (12,87 candidatos/vaga).
Para a ETE-GV, foram 2.957 candidatos a 350 vagas (8,45).
"Quem entra [na ETE-GV] é a
elite, que vem da particular. Os
oriundos da rede pública que passam por esse crivo são aqueles
que se destacam monumentalmente", diz Lúcia Helena Pereira
de Melo, professora de português.
Como outros professores, ela leciona em outras escolas para
completar o salário, de R$ 10,81
por hora/aula no final da carreira.
A concorrência acirrada enfrentada antes mesmo do primeiro
ano do ensino médio explica em
parte o bom nível dos alunos.
A partir do segundo ano, os alunos prestam também as provas
para o ensino técnico.
(TN)
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