São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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Escolas técnicas mantêm a estrutura de ponta com doações

DA REPORTAGEM LOCAL

A verba destinada às duas escolas estaduais com melhor performance na pesquisa Datafolha soma R$ 6.300/mês. O valor, insuficiente para seis mensalidades de um bom colégio privado paulistano, deveria bastar para os mais de 5.000 alunos da Escola Técnica Estadual de São Paulo (ETE-SP) e da Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas (ETE-GV). Não basta.
"O que recebemos não dá para manter a escola por três dias", diz o diretor da ETE-SP, Carlos Augusto de Maio. A verba é repassada pelo mantenedor, Centro Paula Souza, ligado à Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia. A folha de pagamento é à parte.
A ETE-SP, que recebe R$ 2.300 por mês, funciona dentro do campus da Fatec, na avenida Tiradentes. Um dos três prédios foi projetado por Ramos de Azevedo.
Na ETE-SP, 572 dos 2.208 alunos cursam o ensino médio. Entre as dez modalidades técnicas estão telecomunicações e turismo.
O montante da Getúlio Vargas, R$ 4.000, dá R$ 1,25 por aluno. A escola, no Ipiranga, abriga 3.191 pessoas, no ensino médio e nos dez cursos técnicos, como design de interior, eletrônica e nutrição.

O apoio dos pais
Para sustentar a boa estrutura, as escolas contam com apoio das APMs (Associações de Pais e Mestres), que arrecadam fundos.
As APMs têm quadro próprio de funcionários, fornecem material e fazem reformas nos prédios. A verba ajuda até a montar caros laboratórios especializados.
Na ETE-SP, a sala onde a entidade fez melhoria tem pintada na parede a inscrição "APM". Como em todas as salas há TV, vídeo e retroprojetor doados por ela, as três letras estão em todo lugar. Os mais de 60 computadores também são bancados pela entidade.
Na matrícula, a APM explica aos pais a importância das doações. São feitos carnês e cada um paga o quanto pode. A APM da ETE-SP levanta R$ 200 mil por ano. Segundo Maria de Fátima de Melo de Lima, presidente da entidade, 60% dos pais participam neste ano com até R$ 400 anuais.
O perfil da família de Maria de Fátima, 49, corresponde ao da maioria que procura a escola. Moradora da zona norte (45% é dessa região), a filha, no terceiro ano do médio, é egressa da escola particular, como 71% dos alunos.
Na última prova de ingresso, disputaram 160 vagas no 1º ano do ensino médio da ETE-SP 2.059 inscritos (12,87 candidatos/vaga). Para a ETE-GV, foram 2.957 candidatos a 350 vagas (8,45).
"Quem entra [na ETE-GV] é a elite, que vem da particular. Os oriundos da rede pública que passam por esse crivo são aqueles que se destacam monumentalmente", diz Lúcia Helena Pereira de Melo, professora de português.
Como outros professores, ela leciona em outras escolas para completar o salário, de R$ 10,81 por hora/aula no final da carreira.
A concorrência acirrada enfrentada antes mesmo do primeiro ano do ensino médio explica em parte o bom nível dos alunos.
A partir do segundo ano, os alunos prestam também as provas para o ensino técnico. (TN)


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