São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Copa 1958

Coadjuvantes de luxo

Num elenco de estrelas, jogadores que estavam no grupo se lembram com orgulho da disputa pela posição e admitem que foram espectadores privilegiados

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

Time cheio de protagonistas, com craques em todas as posições. Era inevitável que a seleção de 58 tivesse coadjuvantes de luxo, em campo e fora dele.
"Eram 22 grandes jogadores. Os que entravam não iam sair nunca", diz Dino Sani, cerebral meio-campista que se contundiu na Copa e foi para a reserva.
"O Pelé entrou no lugar do Dida, o Garrincha entrou no lugar do Joel, eu me machuquei [atuou contra Áustria e Inglaterra], o De Sordi se contundiu no penúltimo jogo. Mas o Feola escolheu bem os jogadores", afirma Dino, ídolo de clubes como Boca Juniors e Milan, que vive hoje sozinho em São Paulo.
E Pepe, o "Canhão da Vila", o "maior artilheiro do Santos", pois Pelé não conta para ele?
"Disputava posição com Zagallo e Canhoteiro. Contra a Bulgária, entrei no lugar do Canhoteiro, jogador sensacional, e fui bem, fiz gol. Cheguei à Itália como titular. Mas veio o fatídico jogo com a Inter. Um loirinho, Bicicli, me pegou no pé de apoio. Desleal. Só me recuperei no quinto jogo da Copa, aí não tinha como tirar o Zagallo", fala Pepe em papo na Vila.
A famosa sorte de Zagallo quase o abandonou também pouco antes da Copa. Ele chegou a pedir o seu corte na véspera do embarque à Europa.
O drama de Zagallo começou no Maracanã no último coletivo da seleção no país. Ele e Pelé treinavam no gol. Os dois eram opções de Feola para substituir o goleiro Gilmar no banco em caso de contusão (Castilho era o reserva genuíno da posição).
No fim do treino, Bellini chutou da entrada da área, e Zagallo pulou para defender. Sem experiência na posição, a bola bateu só no dedo indicador e abriu longa ferida na mão esquerda. Zagallo caiu aos berros.
"Foi um susto imenso. Quando vi o estado em que a minha mão ficou, o desespero aumentou. Dava para ver alguns ossos. No hospital, pedia ao médico para me tirar da viagem. Ele gritou, pediu para eu parar de falar bobagem e começou a costurar a minha mão", lembra Zagallo, no salão de jogos do condomínio em que mora no Rio.
Assim como Dino e Pepe, Zagallo tem hoje vida tranqüila, não como a que teve até os anos 90, quando serviu a ""amarelinha" com fervor sem igual -é o único tetra de verdade do país.
"Por pouco não perdi a Copa de 58. Seria uma grande frustração", disse Zagallo, que recebeu 13 pontos e viajou com o braço na tipóia -a superstição, em especial com o 13, começou a marcá-lo já em 1958.
Até Zagallo, que cumpriu importante função tática, admite ter sido um coadjuvante em 58. "Teve hora que parei e fiquei vendo a partida, me tornei um torcedor privilegiado em campo", diz, sobre Pelé e Garrincha.
E o que dizer de Moacir, meia que mora no Equador? Grande nome do Flamengo, foi íntimo de Pelé: fora do campo, eram companheiros de quarto.
(RODRIGO BUENO E SÉRGIO RANGEL)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.