Mais novas gostam de bebês, e mais velhas miram "manequins"

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O tempo passa, mas bonecas ainda são o presente que as meninas mais querem, mostra o estudo da Folha: são o desejo de 28% delas. As favoritas são a Barbie (28%) e a Polly (17%).
"A Barbie tem os acessórios, os adereços para meninas, com a marca licenciada", afirma Tânia Fortuna, docente da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). "Ela gera fascínio", resume.
As bonecas tornam-se imbatíveis quando atreladas a seus acessórios -juntos, alcançam 33% de predileção. "A indústria incrementa cada vez mais os brinquedos com acessórios e novos temas para atrair a atenção de uma criança que tem brincado cada vez menos", afirma a socióloga Cecília Aflalo.
Ela avaliou 63 brinquedos lançados em 2006 com 350 crianças em brinquedotecas de São Paulo. E mostra o resultado, em outubro, no site www.abrinquedoteca.com.br.
É para a faixa de 4 a 8 anos que as bonecas têm maior apelo (36%). No caso das mais velhas, de 11 e 12 anos, esse percentual cai para 9% do total.
"Quanto menores as crianças, mais elas preferem a boneca bebê, que auxilia na função da maternagem. Para as meninas maiores, observa-se a preferência por bonecas manequins. A primeira serve como filho da criança, enquanto a outra serve como modelo a ser seguido", aponta Maria Angela Barbato Carneiro, da PUC-SP.
Embora distantes do percentual alcançado pelas bonecas, as categorias bichos (11%) e acessórios para meninas (10%) reinam absolutas à frente dos demais brinquedos.
"São meninas bem resolvidas no sentido da identificação com a figura feminina", diz Maria de Fatima Guerra, docente da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília). "Bonecas e bichinhos são símbolo do que é o feminino."

Som ganha espaço
Aos 11, 12 anos, ressalta João Matta, professor de marketing infantil da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), a criança começa a trocar o brinquedo por acessórios e aparelhos eletrônicos. "Elas preferem brincar no site da Barbie a comprar a casa da boneca", raciocina.
O número de meninas que querem ganhar um toca-MP3 no Dia da Criança aumenta de 3%, na faixa de 7 e 8 anos, para 13%, na faixa de 11 e 12 anos, revela o estudo.
Outro dado que o levantamento da Folha mostra é que, ao serem perguntadas se queriam ganhar algum presente no Dia da Criança, as meninas (94%) deram menos respostas afirmativas que os meninos (97%). Em ambos os sexos, somente 1% não ganha presente ou não faz questão de ganhá-lo.
"O que preocupa é a confusão entre o ser e o ter. Os pais precisam saber que o brinquedo não substitui o afeto ou a imaginação", avalia Guerra. (GR, MI E MP)


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