São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

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O TORCEDOR

Maradona toca o céu e oferece a segunda taça para a Argentina

A mão de Deus

Será que é difícil acertar a bola em um espaço de 7 metros e não sei quanto? Como pode um profissional do futebol errar um pênalti? Sei que treino nunca faltou com o mestre Telê, e sei que o "Galinho" era igual ou até melhor que o Rei Pelé na tal bola parada. E é por isso mesmo que não me conformo em termos saído da Copa invictos e nos pênaltis. É preciso falar que a seleção já não empolgava como em 82, pois Zico, Sócrates, Júnior e essa geração bacana já estava meio baleada. No entanto tinha Careca, Muller, Branco, gente boa e nova. Talvez o problema tenha sido falta de sorte. Não que Telê fosse pé-frio, pois perdeu uma Copa que nos encheu os olhos, mas o Carlos, nosso goleiro, esse é um gelado. Na primeira fase, passamos sem sustos. No único jogo complicado, contra a Espanha, tivemos uma ajuda do juizão, que não deu gol dos espanhóis quando a bola bateu no travessão e entrou. Ficamos no 1 a 0, mesmo placar do jogo com a Argélia. A gente só foi embalar a partir dos massacres na Irlanda do Norte e na Polônia (3 a 0 e 4 a 0). Os mexicanos já começaram a aplaudir nosso time como em 70. Nas quartas, pintou a França e comemorei muito. Isso porque os franceses tinham eliminado a Itália, o carrasco de 82. Mas não é que o tal do Platini joga muito. Nossa defesa não tinha tomado nenhum gol até o 10 deles marcar. Nosso 10, o Zico, entrou para resolver a parada, pois aquele 1 a 1 era um perigo. Foi só o "Galo" entrar que saiu pênalti para nós. Acabei cuspindo a cerveja, pois ele bateu mal. O francês pegou. Foi certo deixar o Zico bater? O joelho dele não era aquelas coisas, e o homem estava frio. O jogo rolou até a prorrogação, perdemos umas chances, e lá vem a maldita decisão por pênaltis. Nunca tínhamos passado por esse sofrimento. Confiei nos batedores, mas Sócrates não tomou distância e desperdiçou. Será que tinha bebido? Júlio César é zagueirão e não estranhei quando ele deu uma bica na trave. E o Carlos, sim, era pé-frio. Não é que uma bola bate na trave, volta nas costas dele e entra. Para ganhar nos pênaltis, precisamos de um goleiro que reze, erga as mãos para o céu...


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