Em entrevista, petista anuncia controle de gastos e promete crescimento econômico

O CANDIDATO do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, 61, foi reeleito ontem presidente do Brasil para um mandato de mais quatro anos que terminará em 31 de dezembro de 2010. A partir de hoje, serão mais 1.524 dias no cargo. Com 99,99% das urnas apuradas, Lula tinha 60,83% dos votos válidos.
Seu adversário do PSDB, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, 53, tinha 39,17%. Lula venceu com uma diferença de quase 21 milhões de votos. Depois de conhecer os resultados e de receber um telefonema do tucano cumprimentando-o pela vitória, Lula resumiu em pronunciamento as prioridades do segundo mandato.
“Os pobres terão preferência no nosso governo”, afirmou, acrescentando que o crescimento econômico, o controle dos gastos públicos, a distribuição de renda e a reforma política são os principais pontos da agenda. Mais tarde, em discurso para eleitores na avenida Paulista, em São Paulo, Lula subiu o tom. “É uma vitória que me deixa realizado como político. Foi a vitória dos de baixo contra os de cima. É o andar de baixo que chegou lá em cima. E pode ter certeza que jamais abdicarei do lado que eu sou.” Numa referência aos escândalos que envolveram seu partido, o presidente disse que o PT “não tem o direito de cometer erros éticos e políticos daqui para frente”.
Lula permanece no cargo como o 39º presidente do país e o primeiro da história do Brasil líder de um partido de esquerda, o primeiro operário e o primeiro sem diploma universitário. O petista obteve o recorde nacional em termos absolutos com 58,3 milhões de votos, contra 37,5 milhões dados a Alckmin. No segundo turno em 2002, o petista teve 52.793.364 votos, vencendo com 61,3% dos válidos.
Seu então adversário, o também tucano José Serra, perdeu com 38,7%. Depois de enfrentar três CPIs (Bingos, Correios e Mensalão), ter vários de seus colaboradores mais próximos afastados por escândalos de corrupção e seu partido envolvido na tentativa de compra de um dossiê contra os tucanos, Lula sai da eleição de 2006 mais forte do que da de 2002. O presidente conta com o apoio explícito de mais da metade dos novos governadores.
O PT governará cinco Estados --há quatro anos, conquistou apenas três. Segundo as pesquisas eleitorais, Lula teve o apoio maciço dos eleitores mais pobres, menos escolarizados e dos Estados menos desenvolvidos-- os principais beneficiados por programas assistenciais, como o Bolsa Família.

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