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Dias para lembrar
A década em que as torres caíram, o Brasil foi pentacampeão, o Vaticano mudou e o capitalismo entrou em crise existencial
Brad Rickerby/Reuters
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Torres Gêmeas, em chamas após atentado da Al Qaeda
11.SET.01
ATAQUES NOS EUA
Por Carlos Eduardo Lins da Silva
De São Paulo
Desde 1812, por 189 anos o território continental dos EUA esteve livre de ataques de inimigos estrangeiros.
Quando em 11 de setembro de 2001 as torres gêmeas do World Trade Center e o Pentágono foram atingidos por aviões sequestrados por terroristas muçulmanos, o sentimento de segurança do cidadão médio americano ruiu.
O governo de George W. Bush teve nas semanas seguintes ao trauma oportunidade rara na história do país (similar apenas à que soube desfrutar na Segunda Guerra Mundial): conseguir, além da hegemonia política, econômica, tecnológica e cultural de que já desfrutava, também a hegemonia moral.
A reação do mundo quase todo após a tragédia foi de solidariedade com as vítimas e a nação agredida.
Mas a administração Bush, com o apoio da maioria da opinião pública, jogou fora essa chance.
Preferiu adotar o discurso bélico, sacrificar liberdades civis no seu próprio país, entregar-se à desconfiança contra estrangeiros em geral e islâmicos em particular, ceder à paranoia, invadir o Iraque sob falsas alegações, permitir que aberrações criminosas como a tortura em Abu Ghraib e as prisões ilegais em Guantánamo ocorressem e ficassem impunes.
Aos poucos, a insensatez dessas atitudes foi percebida por muitos. Mas o estrago na imagem internacional dos EUA que elas causaram ainda perdura.
A eleição de Barack Obama em 2008 atenuou o prejuízo. Mas as dificuldades que ele encontra para cumprir alguns compromissos que bolem com segurança nacional comprovam como o tema é complicado para o país.
Dizia-se, durante o estupor provocado pelas cenas espetaculares dos símbolos materiais do poder econômico e militar americano destruídos, que nada seria igual ao que era antes de 11 de setembro.
Viu-se que as mudanças não foram tão drásticas assim, exceto para passageiros de avião, imigrantes árabes nos EUA e, claro, familiares dos mortos e mutilados nos atentados.
Mas a ocasião de os EUA se afirmarem como padrão definitivo de referência moral para o mundo foi perdida, talvez para sempre.
EU ESTAVA LÁ
Por Sérgio Dávila
Editor-executivo da Folha
"Silêncio interrompido pelas buzinas dos alarmes de carros estacionados, a sirene antiincêndio dos prédios vizinhos e a das ambulâncias; os escombros das construções no chão cobertos por uma chuva de papel picado dos escritórios que estavam nas torres; uma coluna alta de pó branco e fumaça preta.
E o cheiro de queimado, a embrulhar o estômago.
A manhã do 11 de Setembro de 2001 começou com um telefonema da Folha, que detonou uma operação de emergência que, em minutos, me levaria e à minha fotógrafa improvisada aos pés dos prédios desabados.
Para mim, ela só terminaria um ano e meio depois, no Iraque, sob bombas."
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