São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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MESTRADO PROFISSIONAL

Modalidade quer respeito de curso acadêmico

Portaria oficializa composição do corpo docente e nova avaliação

Luciana Whitaker/Folha Imagem
DO PRÓPRIO BOLSO
Simone Amorim, 29, gerente de assuntos corporativos da Souza Cruz e responsável pela área de patrocínios, custeou seu mestrado profissional sobre patrimônio histórico e bens culturais, na FGV-RJ e acha que deveria haver mais incentivo para empresas investirem nisso.

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Capes está em campanha para valorizar o mestrado profissional, que, com mais de 240 cursos, formou 10 mil mestres de 1998 a 2009.
Em dezembro, foi publicada a segunda portaria sobre o tema em seis meses. A ideia é atestar qualidade equivalente à do mestrado acadêmico.
A norma anterior, que criou a modalidade, não definia suas características, daí a necessidade de regulamentar itens como o corpo docente -que deve ser integrado por doutores, profissionais e técnicos com experiência em pesquisa aplicada.
A ficha de avaliação, agora, é separada da do mestrado acadêmico. "A portaria explicita essas coisas", diz o diretor de avaliação da Capes, Lívio Amaral. Sua expectativa é que a portaria estimule a criação de cursos e acabe com o preconceito em torno dos programas.
Há um entrave, porém, que os esforços governamentais ainda não conseguiram solucionar e que vem provocando o fechamento de alguns programas: a falta de fomento.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, líder em número de programas (9), fechou quatro cursos de 1998 a 2005.
"Não há financiamento ou subsídio das agências governamentais", justifica a vice-pró-reitora de pós-graduação, Lia Teresinha Silva. "A universidade pública tem dificuldade de manter mestrados profissionais com recursos próprios."
Cláudia Morgado, presidente do Fórum Nacional de Mestrados Profissionais, concorda. "Os programas têm pouca atenção no fomento por órgãos públicos e empresas privadas, que são as beneficiárias dessa qualificação." Para Amaral, a modalidade "tem vocação para ser autossustentável".

Impulso
Por outro lado, há quem afirme que a nova portaria impulsionará a modalidade, como José Luiz Albertin, diretor de pós-graduação da SAE Brasil (sociedade de engenheiros da mobilidade). "Antes, tínhamos que convencer as universidades a abri-los", comenta. A SAE criou um curso em engenharia automobilística, em parceria com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), para suprir a demanda da indústria por profissionais qualificados.
"Isso ajuda o Brasil a atrair novos projetos", diz Albertin. Para ele, o mestrado profissional serve ainda para resolver um problema do setor: a falta de registro formal das ideias.
Isso porque, para os programas serem bem avaliados pela Capes, ex-alunos devem apresentar trabalhos de conclusão de curso, e docentes, publicar artigos originais ou de revisão em publicações tecnológicas.


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