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CRISE E OPORTUNIDADE
Montanha-russa da economia brasileira ensina empresariado a administrar empresa enxuta e com planejamento mais flexível
Instabilidade define "jeito brasileiro" de gerir
RENATO ESSENFELDER
EDITOR-ASSISTENTE DE SUPLEMENTOS
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
As sucessivas crises econômicas
ocorridas nos últimos anos afetaram o modo de administrar dos
empresários brasileiros. Para o
bem ou para o mal, eles aprenderam, à força, os limites do corte de
pessoal, do enxugamento de custos, da diversificação de serviços.
Para muitos especialistas, as fases críticas ajudaram a forjar executivos "extremamente adaptáveis". "Eles já se antecipam aos
problemas", afirma Antonio Carlos Aidar Sauaia, professor de política de negócios da FEA-USP
(Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo). "E conseguem transformar ameaças em
oportunidades. As empresas estrangeiras valorizam e buscam
nossos executivos", comenta.
Uma das primeiras mudanças
causadas pelas crises foi o aparecimento de um certo imediatismo
empresarial. "[As corporações]
passaram a focar resultados de
curto prazo", afirma Reinaldo
Manzini, diretor da consultoria
de gestão de estratégia Symnetics.
Além disso, o administrador começou a valorizar mais a estratégia do negócio, que passou a ser
divulgada em todos os setores da
firma. "A visão da empresa tornou-se objetivo comum nos vários departamentos", completa o
professor da BBS Rodrigo Rivera.
Os mais afetados
A exportação foi um dos setores
que mais sofreram na última turbulência financeira pela qual passou o país, em 2002. Em plena crise de confiança no mercado financeiro, as linhas de crédito dos
bancos se tornaram escassas.
"O setor de exportação, sem
crédito, fica extremamente limitado", diz Amalia Sina, professora
da FGV e da USP e autora do livro
"Crise & Oportunidade - Em Chinês e nos Negócios essas Duas Palavras São uma Só" (ed. Saraiva).
A indústria de bens de consumo
também foi afetada. "Na hora da
crise, as pessoas passam a comprar menos", lembra Manzini.
De maneira geral, no entanto,
a maioria das empresas e segmentos acabou sendo atingida pela
montanha-russa da economia
brasileira. O segredo é aproveitar
a calmaria para se fortalecer.
"Quando a empresa se prepara
para uma crise numa base contínua, ela tem planos para enfrentá-la e conhece seus pilares de sustentação", afirma a professora.
Segundo ela, a existência de crises deve estar prevista em todos
os grandes planos de qualquer
empresa. Além disso, é bom
aprender a reconhecer os sintomas: conflitos constantes entre os
colaboradores, preocupação
maior com processos do que com
o mercado e falta de transparência da liderança estão entre alguns
dos sinais de turbulência à vista.
Crescer na crise
"Nessa hora, é necessário reestruturar a empresa para aproveitar as oportunidades que possam
aparecer. É preciso ser agressivo",
declara James Hunter, diretor da
Merlin Consultoria de Riscos.
De fato, divisar oportunidades
está entre as principais lições que
podem ser tiradas das crises, segundo os especialistas. Chances
como a aquisição de um concorrente em apuros, por exemplo,
podem ser únicas.
Outros conselhos podem ser assimilados e incorporados definitivamente à cultura da empresa:
aumentar a participação do pessoal de operação no processo de
tomada de decisão; investir no
modelo de gestão; antecipar-se às
análises; usar processos formais
de aprendizagem da estratégia.
Nesta e nas próximas páginas
desta edição, especialistas e "gurus" convidados pela Folha discorrem sobre esses temas e a difícil arte de crescer na crise. A
maioria deles estará reunida, de
8/11 a 10/11, na ExpoManagement,
www.expomanagement.com.br,
que acontece no Transamérica
Expo Center, em São Paulo.
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