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Esporte

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Juca Kfouri

Inveja dos rivais

De repente, eles, os europeus, quase todos, jogam como jogávamos nós, os brasileiros

QUE MESSI nos cause inveja é absolutamente normal.

Mesmo quando o futebol brasileiro dominava o mundo havia jogadores que gostaríamos que tivessem nascido no Brasil.

Alfredo Di Stéfano, por exemplo. Ou Franz Beckenbauer. Diego Maradona, sem dúvida.

Para não falar de Franco Baresi, ou de Johan Cruyff e de Zinedine Zidane.

O que incomoda é quando, como no amistoso contra a Itália, ficamos com inveja, aquela saudável, dos rivais por terem, no meio de campo, gente como De Rossi e Pirlo.

Bons jogadores, ótimos mesmo, mas longe de serem comparáveis aos gênios citados.

Porque há quanto tempo você não vê a seleção brasileira tomando conta do meio de campo quando joga contra uma grande equipe do futebol mundial?

Quem pisa na bola, levanta a cabeça, indica o caminho?

Pelé exagerou ao propor o Corinthians como base do time de Felipão.

Mas que seria uma boa providência, pelo menos enquanto não se tem tempo para treinar, escalar a dupla de volantes alvinegra, com Ralf e Paulinho, para tentar achar a solução criativa bem guarnecida, além de bem alimentada por dois volantes, altos e fortes, que não são os chamados brucutus.

Desperta inveja, sim, olhar para o meio de campo espanhol e vê-lo ocupado por Xavi, Iniesta, Xabi Alonso, Fábregas.

Ou para o alemão, com Khedira, Özil, Schweinsteiger, Kroos, Götze.

O empate em Genebra permitiu aos italianos, mais uma vez, jogar mais à brasileira que os brasileiros, europeizados -nesta estranha metamorfose que levou quem era melhor a imitar o pior.

Lembrou até uma sacada de um jornal italiano, em 1982, depois que o time brasileiro foi eliminado por Paolo Rossi e companhia bela, belíssima, por sinal, que mancheteou: "Os brasileiros somos nós!".

Não era mentira -nem verdade, se com a intenção de diminuir o time de Falcão, Cerezo, Zico e Sócrates, o que não pareceu.

Só que, hoje em dia, não temos nada nem parecido, embora, com boa vontade, possamos vir a ter.

Se bem que, em 1994, criativo mesmo não tinha ninguém com a saída de Raí...

CIRURGIA

O governo não pode nem deve intervir na CBF. O governo pode e deve intervir no COL. A CBF é da CBF, por mais que use as cores e o hino do país. O COL é da Fifa, e a Fifa, desde que José Maria Marin chegou, está constrangida com sua presença. E o motivo era apenas (apenas?!) o episódio da medalha, que correu o mundo.

Hoje há mais motivos, e o principal não está nem nas graves gravações recentemente publicadas, mas no discurso de Marin com fartos elogios ao torturador Sérgio Paranhos Fleury, cuja equipe, segundo depôs Carlos Araújo à Comissão Nacional da Verdade, o torturou. Araújo é pai da filha e avô do neto de Dilma Rousseff. Ela suportará estar ao lado de Marin na abertura da Copa ou a realpolitik não tem limite?


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