Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Juca Kfouri

Cuidado com a dengue

De tudo o que foi dito sobre o amistoso em Belo Horizonte, o alerta contra o mal foi o melhor

DIZIA O CARTAZ: "Galvão, cuidado com a dengue em BH!". Podia ser para Felipão.

A imagem, captada segundos antes do fim da transmissão, foi a melhor de tantas críticas sobre o jogo, embora seu conteúdo extrapolasse o que se viu no 2 a 2 no Mineirão.

O torcedor alertava para a gastança de dinheiro público no estádio numa cidade que não consegue, como tantas outras, debelar a dengue, as enchentes e que tem péssimas estradas para acessá-la.

Se não bastasse, não consegue nem mesmo que a chegada ao estádio seja civilizada, além de não garantir os assentos marcados, a qualidade e a quantidade do que se come dentro dele e por aí afora.

Para coroar, não apresentou aquilo que não podia mesmo garantir: uma boa seleção, tão decepcionante que parecia prostrada, como se com dengue.

Não se trata de querer que o time jogue por música se nem treinar treina e era o time B.

Mas o do Chile também era, e aí é que mora a preocupação --principalmente depois de ver as exibições alemãs diante dos espanhóis. Pareceu que o futebol deles é um esporte diferente do nosso.

Só que os chilenos também não fizeram ligações diretas, jogaram compactados, tiveram por mais tempo a bola nos pés (54%), acertaram mais passes (446 a 304), mais finalizações (6 a 4) e desarmaram melhor (31 a 28).

Neymar não joga como no Santos porque o Santos joga para ele e a seleção não.

Ronaldinho não joga como no Galo porque o Galo joga para ele e a seleção não.

Ralf e Paulinho não jogam como no Corinthians porque no Corinthians os que jogam na frente deles também marcam e na seleção não.

A turma de Felipão está na fase em que a de Mano esteve após 2010.

Mas a seleção está num estágio ainda mais atrasado como concepção de futebol.

Felipão não disse, mas dá medo pensar que alguém como Schweinsteiger não tivesse lugar em seu time, por ser daqueles meio-campistas de que só jornalista gosta.

Como é inacreditável que tenha dito, como se publicou, depois da goleada sofrida pelo Barcelona, que queria ver a cara dos adeptos do estilo do time catalão.

Será que nosso treinador está no grupo dos que acham que o Barça acabou? Porque levou uma goleada? Meu deus dos estádios! Quantas vezes vimos o Santos de Pelé ser atropelado e ressurgir?

Estão indo depressa demais com o andor embora nem Messi nem Xavi nem Iniesta sejam de barro.

Que os alemães, com um time mais jovem que o espanhol, e já rodado, pintam como tetracampeões em 2014 é uma possibilidade bem real, ainda mais com as pitadas de Guardiola até lá, no Bayern.

Mas em vez de se preocupar com o Barça, Felipão precisa se concentrar em tirar dois atrasos: o natural, de seu time, e o estrutural, como ideia de futebol.

Que dor de cabeça. Como a da dengue. Cuidado, Felipão.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página