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Juca Kfouri

Os alemães e seus canhões

É bom ver a Alemanha voltar a jogar um futebol refinado. Melhor ainda é vê-la em festa

NENHUMA COPA do Mundo fez tão bem a um país como a da Alemanha, em 2006.

Embora já tivesse feito uma, em 1974, a mais recente foi a primeira grande vitrine do país unificado.

As gerações pós-Segunda Guerra, fartamente influenciadas pelo cinema norte-americano, tinham dos germânicos a imagem de um povo sombrio.

A Alemanha era em preto e branco, mesmo quando o filme era colorido.

Berlim era sombria na sala escura de projeção, embora seja das cidades mais alegres do mundo, se não a mais.

Curiosamente não é lá que está o melhor futebol do país, mas nas razoavelmente dela distantes Munique, a 583 km, e Dortmund, a 493 km. Entre as duas capitais do futebol alemão a distância é ainda maior, de 604 km.

Preta e branca também é a seleção alemã e o futebol que é capaz de jogar tem todas as cores do arco-íris.

A propaganda que o país fez de si mesmo, durante um mês, atingiu todos os objetivos.

Vendeu festa, apesar de cuidadosa com manifestações exageradamente nacionalistas.

Saudou o terceiro lugar de seu time com entusiasmo e daquele grupo tem ainda hoje quatro brilhantes titulares: o capitão Phillip Lahm; seu companheiro na defesa Per Mertesacker; o extraordinário Bastian Schweinsteiger e o goleador Lukas Podolski, além do técnico Joachim Löw, então auxiliar de Jürgen Klinsmann.

Que virão ao Brasil no ano que vem como favoritos.

E é muito bom em todos os sentidos que assim seja.

O país de Johann Sebastian Bach, de Johann Wolfgang von Goethe e de Karl Marx; de craques da estirpe de Fritz Walter, campeão mundial de 1954, Franz Beckenbauer e Wolfgang Overath, ambos campeões mundiais em 1974, Karl-Hein Rummenigge, e Lothar Matthäus, campeão do mundo em 1990, merece a alegria que Bayern de Munique e Borussia Dortmund proporcionam mirando Wembley, em 25 de maio, quando, enfim e pacificamente, Londres será invadida.

Impossível não lembrar de meu pai que contava ter ouvido, apavorado, pelo rádio, Mussolini discursar e prometer, confiante na Luftwaffe, a Força Aérea Alemã: "Questa sera Londra sarà distrutta".

Não, não só Londres não foi destruída como, para comemorar os 150 anos da FA, sua orgulhosa federação de futebol, receberá dois times que honram as melhores tradições do futebol moderno que os ingleses criaram, deixando para trás dois gigantes como Barcelona e Real Madrid, que, por vivos, haverão de animar ainda os próximos cenários.

Que bom que os canhões alemães agora são outros, um deles até polonês, como Lewandowski, nascido em Varsóvia.

OFENDE?

Por mera curiosidade: quando um atleta é pego dopado perde suas medalhas e honrarias. E quando um cartola é pego vendido?

Permanece com seu nome em estádios? Com seus títulos de homem do ano etc.?

Só para saber...


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