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Rita Siza

Marcar ou não marcar

São demasiados os casos que recomendam a adoção de tecnologia na linha do gol

O tema do uso da tecnologia na arbitragem do futebol é recorrente e tudo, menos pacífico, mas, como em quase tudo na vida, a evolução é inevitável. Uns discutirão que a mudança é para melhor e outros para pior, e certamente correrão rios de tinta nos argumentos que sustentam os seus pontos de vista: que o árbitro faz parte do jogo e errar é humano; que as máquinas não podem ser influenciadas ou intimidadas; que a chamada "verdade desportiva" ou é uma quimera ou é uma possibilidade ao nosso alcance logo ali ao virar da esquina...

Em relação à linha de golo, são demasiados os casos que recomendam a adoção da tecnologia para determinar se a bola transpõe ou não, integralmente, a linha da baliza -não deve haver equipa ou seleção que não tenha uma mão cheia de exemplos para apontar de golos que foram mal invalidados (e também mal concedidos).

Na Inglaterra, onde agora se equaciona o recurso a esse sistema, o último escândalo ainda quente é o do golo de Lampard contra a Alemanha na Copa da África do Sul, que foi invalidado e poderia ter evitado a humilhante derrota dos britânicos. A tímida tentativa de acalmar os ânimos, com a inclusão de um novo árbitro de linha de fundo, provou, entretanto, a sua irrelevância.

O técnico do Arsenal, Arsène Wenger, foi o primeiro a cumprimentar a Associação de Futebol Inglesa pela decisão de introduzir essa tecnologia na próxima temporada. "Apoio totalmente e acho que, quanto mais depressa, melhor. Assim, acabam-se as dúvidas."

Kenny Dalglish, do Liverpool, é outro entusiasta. "Penso que qualquer tecnologia que ajude a tomar a decisão correta só pode ser bem recebida."

Mais conservador, o Conselho da Associação Internacional de Futebol, responsável pelas mudanças nos regulamentos do jogo, foi ambíguo na sua posição: até pode ser que sim, mas só depois da Euro na Polónia e Ucrânia, que termina em julho de 2012. A Fifa, que relutantemente aceitou testar nove tecnologias diferentes, só deverá chegar a uma conclusão sobre qual é a melhor depois dessa data, e aí se verá se emite uma recomendação para que a sua utilização seja adotada.

Até agora, a Fifa foi intransigente na manutenção do status quo em nome da "tradição", mas as entidades que mandam no futebol deviam seguir o exemplo da associação inglesa e inequivocamente sair em defesa do recurso desta tecnologia. A sua interferência no desenvolvimento do jogo é nula, mas o seu contributo para a sua credibilidade é imensa. Adiar, resistir, empatar, só contribui para alimentar a desconfiança, a fúria e a decepção de jogadores, adeptos ou comentadores.

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