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Juca na Copa
A Júlio César o que é dele
JÚLIO CÉSAR, o goleiro da seleção, estava com o radar bem orientado, ao contrário do colunista, que viu o jogo do hospital, vítima de pequeno acidente isquêmico.
Na entrevista coletiva que ele concedeu às vésperas do confronto Brasil x Uruguai, disse que o clássico contra os orientais era para muitos de mais rivalidade do que contra os argentinos.
Talvez não seja isso tudo, mas, certamente, é o de mais dramaticidade, e o único que decidiu uma Copa do Mundo.
Vi o jogo pela TV, frustrado, e interrompido pelos cuidados de praxe num hospital de excelência como o Mater Dei de Belo Horizonte, de onde devo sair hoje de manhã.
Mas Júlio César disse, também na coletiva, que teria gostado se o árbitro do Uzbequistão tivesse marcado mesmo o pênalti no jogo contra a Itália, porque o goleiro sempre gosta da chance de defender uma penalidade máxima num jogo desses.
E não é que mais que isso, ele evitou o 1 a 0 do Uruguai, ao pegar, dando a adiantadinha também de praxe entre os bons goleiros, a cobrança de Diego Forlán.
Que sorriu antes da batida, como só se vê pela televisão, provavelmente por se lembrar das vezes em que treinou com o goleiro brasileiro quando ambos jogaram na Inter de Milão.
Sair atrás pela primeira vez na Copa das Confederações e contra um rival que se impunha em campo, muito mais experiente que a seleção nacional, poderia ser fatal.
Júlio César fez um golaço ao defender e Fred, de canela, sem que o time merecesse, abriu o placar no fim do primeiro tempo, porque sem sorte não se chupa um Chicabon nem se grita é campeão.
Sorte e competência, diga- -se, porque no segundo tempo o time equilibrou as coisas com o concentrado Uruguai de Cavani, autor do gol de empate logo no reinício do jogo e em tarde de homem-esquadra no Mineirão.
O gol de Paulinho, no fim da etapa final, foi daqueles para decretar vitórias dramáticas, pelos mesmos 2 a 1 do célebre Maracanazo.
O time de Felipão não só não conseguiu pressionar o de Oscar Tabárez, ao contrário, mas soube se impor com técnica e coração para vencer um adversário que chegou a parecer imbatível.
Agora será no Maracanã. Contra a Itália, se for a zebra diante da Espanha, ou contra os campeões mundiais, para sermos nós as zebras e candidatos a bobinhos contra os reis do toque de bola. Mas não era exatamente o jogo que queríamos ver?
Sem atrevimento nem soberba, é o que eu quero e os médicos acham que poderei. É, também, o jogo que Parreira quer disputar.