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Juca Kfouri

O sargentão e a gerentona

Há quem veja semelhanças entre o técnico Felipão e a presidente Dilma. Para o bem e para o mal

A PRESIDENTE disse que seu padrão não é o da Fifa, é o do Felipão.

Os bons maldosos, bola pingando na área, lembraram da queda do Palmeiras.

Claro que ela se referiu ao Felipão que ganhou a Copa do Mundo de 2002 e a das Confederações agora, entre outras vitórias de seu rico currículo.

Dilma Rousseff é mulher de esquerda e Luiz Felipe Scolari é gaúcho conservador. O estilo do técnico, que Tostão acaba de notar atualizado, e é bom sempre estar atento ao que ele escreve, já foi rotulado como de mero motivador, um sargentão que sabe fazer a tropa morrer por ele.

Os espanhóis estão sentindo na carne que não é bem assim, ou que é bem mais que isso.

Já a presidente foi apresentada ao país por seu antecessor como alguém mais capaz do que ele para administrar o Brasil, com um perfil de gerente que seu jeito pessoal, severo e mandão, transformou em gerentona.

Ninguém, no entanto, é só uma coisa ou só outra.

Sobre o sargentão, testemunho, há muito doce sob aquele angu. Além de muito trabalho até a Copa de 2014.

Porque o reinício do Campeonato Brasileiro mostrou pouco que possa ser comparado ao que vimos na Copa das Confederações, embora tenhamos visto o Mané Garrincha com mais de 53 mil brancos --aleluia! Gilberto Gil, na Flip, protestou contra tal embranquecimento-- torcendo pelo Flamengo em bom jogo contra o Coritiba num gramado que é a cara, assim como o acabamento do estádio mais caro do mundo, de Agnelo Queiroz.

Aí é missão para a gerentona, para quem queira respeitar a voz das ruas e corrija enquanto ainda é tempo a óbvia distorção que encaminha um festival de futebol aqui como se fosse disputado na Alemanha ou na Ásia.

E que devolva à arquibancada o torcedor comum que fez do nosso futebol aquilo que ele sempre foi, fruto da mestiçagem que redundou no drible, nos passes certeiros que valeram os gols que culminaram no pentacampeonato.

Que tem a cara de Mané, de Pelé, de Didi, Gérson, Rivellino, Tostão, Romário, Ronaldos e Rivaldo. De Neymar.

Que não tem a cara de Havelange, de Teixeira, de Marin, mesmo depois de assumir os cabelos brancos manchados pelo dedo duro, pelo elogio ao torturador, pela medalha surrupiada, o gato disfarçado e o terreno público apropriado sem cerimônia.

A cara da Copa no Brasil há de ser a cara da Copa do Brasil, desafio aparentemente gigantesco nestas alturas do campeonato, mas tão simples como deixar que o povo brasileiro dê vazão aos seus sentimentos como na cantoria à capela do hino nacional nos estádios que erguemos sem pudor.

PARADA

Por duas semanas, para recarregar a bateria e voltar mais agudo e menos voluntarioso, este colunista ficará de pernas para o ar, que ninguém é de ferro.


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