Governo cria agência, mas só no papel

O governo federal desengavetou o projeto de criação da ABCD (Agência Brasileira de Controle de Dopagem) e o levou ao papel por decreto da presidente Dilma Rousseff.

Mas o órgão não tem nem sequer uma data predeterminada para entrar em ação. Tampouco uma estimativa de custos de investimentos.

"A ABCD tem um orçamento em elaboração", disse o Ministério do Esporte, por meio da assessoria de imprensa.

A pasta anunciou que a agência terá 24 cargos. A estrutura de pessoal tramita na Câmara dos Deputados.

Enquanto o projeto estiver no Congresso, o ministro Aldo Rebelo pode designar funcionários do ministério para a agência. Mas não há prazo para definição dos nomes.

O ministério também não estipulou se a ABCD poderá coletar exames antes dos Jogos de Londres-2012, cuja abertura é em 27 de julho.

"Em janeiro devemos fazer umas ações educativas", afirmou Marco Aurélio Klein, diretor da Secretaria de Alto Rendimento do ministério.

A Wada (Agência Mundial Antidoping) havia apontado novembro como mês limite para o estabelecimento do órgão. O decreto de Dilma foi publicado no Diário Oficial da União em 1º de dezembro, mas datado do dia anterior.

Tamanha demora forçou a criação da agência por decreto presidencial e não como projeto de lei, que implicaria em uma demora ainda maior, já que teria que ser colocado em votação na Câmara dos Deputados e no Senado.

A implementação da ABCD é um compromisso de campanha da candidatura do Rio para a Olimpíada de 2016.

Foi motivado pelo maior caso de doping sistemático na história do esporte brasileiro, em 2009, envolvendo competidores do atletismo.

Até então, o controle de dopagem no país ficava a cargo da ABA (Agência Brasileira Antidoping), ligada ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

A Wada sempre defendeu, inclusive com críticas públicas, que o Brasil tivesse órgão sem vínculo com o COB.

No último encontro anual da entidade, realizado no Canadá, em 20 de novembro, o Brasil foi declarado como "não conforme" com o Código Mundial Antidoping.

"A Wada e o Comitê Olímpico Internacional estão auxiliando o Brasil para se adequar ao Código Mundial Antidoping até que o país se enquadre", declarou Terence O'Rorke, chefe de imprensa da agência mundial.