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Juca Kfouri

O diferente ficou igual

O que era exemplo virou a caricatura de si mesmo. E o São Paulo FC desmoronou

O SÃO PAULO continua a ser o clube mais vitorioso do Brasil.

E é o mais jovem entre todos os maiores clubes brasileiros, nascido apenas em 1935.

Mas até a hegemonia técnica corre o risco de ser perdida caso o Santos também conquiste o tricampeonato mundial de clubes neste mês. E tomara que conquiste.

Não, é claro, para que simplesmente retome a supremacia, apenas porque será bom para o futebol brasileiro, ainda mais depois da manutenção de Neymar na Vila Belmiro.

Mas o assunto aqui é o São Paulo e suas perdas recentes, principalmente a do respeito que despertava entre os não são-paulinos, inclusive.

Que raios de perdas são essas, enfim, se o Morumbi está sendo modernizado, se os CTs continuam primorosos, se os salários estão em dia, o marketing continua agressivo e, afinal, o tricolor foi quem mais venceu neste século 21?

A perda da postura que permitia ao clube aparentar, ao menos aparentar, ser diferente dos demais.

De repente, não mais, o São Paulo votou na reeleição de Ricardo Teixeira, num gesto subserviente para tentar fazer de seu estádio a sede paulista da Copa do Mundo. E a velha raposa Juvenal Juvêncio foi devorada pela vingativa e rancorosa figura do cartolão da CBF, que jamais perdoou ter um dia sido chamado de genro pelo ex-presidente são-paulino Carlos Miguel Aidar.

O mesmo que liderou ao lado do Flamengo a criação do Clube dos 13 e a da Copa União e que, em dois gestos antiéticos, não só apoiou a desfaçatez do recebimento da Taça das Bolinhas como ainda inventou a gambiarra jurídica para perpetuar JJ no comando do clube.

Aí, o São Paulo ficou tão igual a todos os demais, tão adepto do levar vantagem em tudo, ao mesmo tempo que tão isolado no seu gigantesco Morumbi, que até demitir técnico no vestiário demitiu, por acaso o mais vitorioso de todos que passaram por lá recentemente, Paulo César Carpegiani.

Sem se dizer do desmonte de uma equipe que era referência no Reffis. Agora, até caso de doping há.

O desmilinguir lento e gradual da excelência são-paulina é tão nítido que o jogador sente, percebe, deixa de suar a camisa mais vitoriosa de nosso futebol e a veste como se fosse qualquer uma.

Como aconteceu nesta melancólica, inesquecivelmente esquecível temporada de 2011. Lástima!

blogdojuca@uol.com.br

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