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Juca Kfouri
E Ganso sumiu
No clássico San-São, Muricy Ramalho cortou as asas de Paulo Henrique Ganso. Triste, mas inevitável
COM TRISTEZA é obrigatório dizer que a ida de PHG para o banco de reservas se impôs.
Sem ele, apesar dos erros de Rogério Ceni e do bandeirinha, o São Paulo foi muito mais rápido e vibrante do que vinha sendo.
Por mais que não goste, o meia não tem do que reclamar. Se Pato reclama, sem razão, da falta de sequência no Corinthians, Ganso teve todas as chances, até em prejuízo de Jadson, erro que a bola vai punindo.
Nos 45 primeiros minutos do San-São, oportunidade mesmo quem criou para o Santos foi Rogério Ceni, em péssima saída de bola.
Já o Tricolor, além de ter criado muito mais, teve contra si dois impedimentos criminosamente assinalados por um bandeirinha que, imagine, estará na Copa do Mundo. Assim, o 0 a 0 do primeiro tempo mentiu.
O segundo tempo foi ainda melhor, porque o Santos ameaçou mais, embora o São Paulo tenha mantido a superioridade.
Aos 25, para mostrar que não tem vocação para Dalila, Muricy fez Ganso entrar. Pouco antes Ceni fizera milagre em cabeçada de Damião.
Você viu o Ganso? Ninguém viu, a não ser numa caneta como sabe dar.
Coincidência ou não, ele entrou e o Santos melhorou para manter o 0 a 0 no placar. Mas ele não joga mais lá.
CORINTHIANS CRESCE
O time melhorou com Jadson --e Romarinho dá sinais de querer virar protagonista.
Já o zagueiro Cléber teve a felicidade que faltou ao bom Felipe --e que segue, por ausente, martirizando o centroavante Guerrero.
Mas nem com três volantes marcadores Mano Menezes tem conseguido evitar as avenidas Uendel e Fágner, bons no apoio, deficientes atrás.
SOBRE NEYMAR
Está certo dizer que o Santos ganhou com Neymar. Ponto. E que fez muito bem em mantê-lo enquanto deu.
O que não invalida o fato de ter sido uma negociação amoral, mesmo que, no Brasil, legal --porque na Espanha parece não ter sido, tanto que Sandro Rosell renunciou quando queria se reeleger.
Amoral porque houve a mentira mantida por um tempão de que os Neymar não haviam recebido um tostão do Barcelona. Também porque o craque já era do Barça antes de enfrentá-lo na final do Mundial, pecado mortal. E ainda porque, além do Santos, a Fifa levou belo drible em sua frouxa regra que procura evitar aliciamento.
Um adiantamento de € 10 milhões, mesmo que a este se dê o apelido de empréstimo, é o quê?
Finalmente, sendo o mundo da cartolagem o que é, de fato, pode-se argumentar que quem rouba ladrão...
TARDELLI, FELIPÃO!
Não é lóbi (quem sou eu?), é constatação: se alguém merece é Diego Tardelli na seleção.
DRUMMOND DE NOVO
É humilhante, mas tem de ser registrado: a Companhia das Letras relançou "Quando É Dia de Futebol", de Carlos Drummond de Andrade.
Deveríamos parar de escrever sobre o tema...